segunda-feira, 29 de novembro de 2010

IPB CONSIDERA IGREJAS NEOPENTECOSTAIS COMO SEITAS

O Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB), reunido em Curitiba-PR, deliberou considerar as chamadas igrejas neopentecostais, tipo Igreja Universal, Internacional, Mundial, etc., baseadas na Teologia da Prosperidade e no Sincretismo, não devem ser consideradas como denominações evangélicas, mas como seitas, e que as pessoas delas oriundas, que cheguem ao presbiterianismo, devem fazer nova profissão de fé e novo batismo.


CE-2010- Doc. 34 - Doc. XXXIV - Quanto ao documento 206 - Ementa: Consulta sobre a Igreja Mundial do Reino de Deus. Ementa Oficial: Posicionamento da IPB quanto a Igreja Mundial do Poder de Deus Considerando, 1) Que a existência da Igreja Mundial do Poder de Deus é recente no que diz respeito ao seu tempo de influência na realidade evangélica brasileira; 2) Que o surgimento de novas denominações, especialmente as de características neo-pentecostais, tem brotado abundantemente em nosso país, dificultando um posicionamento imediato da IPB sobre as mesmas; 3) Que é vedado à Comissão Executiva exercer de qualquer forma as prerrogativas do SC (RI-CE-IPB - Art. 4 alínea a); 4) Que compete ao Supremo Concílio, conforme o art. 97 alínea a da CI-IPB, formular sistemas ou padrões de doutrinas; logo, não tem a CE-SC-IPB competência para firmar posição de relação eclesiástica com a Igreja Mundial do Poder de Deus. Resolve: 1) Tomar conhecimento; 2) Encaminhar a matéria em foco à próxima Reunião Ordinária do SC-IPB; 3) Apreciar o zelo do Presbitério Central do Espírito Santo e do Sínodo Central Espiritossantense na busca por um posicionamento oficial da IPB. .

CE-2010- Doc. 35 - Doc. XXXV - Quanto ao documento 208 - Ementa: Consulta sobre a prática de unção com óleo. Ementa Oficial: Posicionamento doutrinário da IPB quanto a prática da UNÇÃO COM ÓLEO Considerando, 1) Que a matéria tem sido objeto de consulta por diferentes concílios, e que, até o presente momento, o SC-IPB não firmou qualquer posicionamento oficial sobre a mesma, não obstante a designação de Comissão Especial para tratar da questão no SC-94; 2) Que não é prerrogativa da Comissão Executiva estabelecer qualquer posicionamento do gênero, e sim, do SC-IPB (Art. 97, alínea a da CI-IPB e Art. 4, Alínea a do RI-CE-SC-IPB); Resolve: 1) Tomar conhecimento; 2) Remeter a matéria em foco à próxima Reunião Ordinária do Supremo Concílio da IPB; 3) Apreciar o zelo do Presbitério Central do Espírito Santo, e do Sínodo Central Espiritossantense na busca por um posicionamento oficial da IPB sobre esta questão doutrinária. .

SC-1998- Doc. 117 - Quanto ao Doc. N.º 179 - Ementa: do Presbitério Serrano Espírito-Santense, O SC/IPB-98, em sua XXXIV Reunião Ordinária Considerando: A recepção de pessoas egressas da Igreja Universal do Reino de Deus e adoção de usos, costumes e métodos da IURD por parte da Igreja e Organizações da IPB, Resolve: Aprová-lo com a seguinte alteração: Na página 3, onde se lê: “....Determinar ainda que essas pessoas sejam recebidas por pública profissão de fé e batismo e que as perguntas concernentes à fé reformada sejam, por esta ocasião, devidamente respondidas.” Leia-se: “....Determinar ainda que essas pessoas sejam recebidas por pública profissão de fé e batismo.”

SC-2010- Doc. 19 - Doc. XIX - Quanto ao documento 244 - Ementa: Proposta de classificação de Igreja Universal Reino de Deus. O SC/IPB - 2010 RESOLVE: 1) com base no Relatório da Comissão Especial (CE-2007), determinada pela Resolução SC/IPB - 2006-006, enquadrar a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) como seita; 2) com base na resolução do SC/IPB - 2006-006, que reafirma a posição do SC/IPB - 1998-117 e no relatório especial CE-2007, determinar que os membros oriundos da IURD deverão ser aceitos mediante batismo e profissão de fé. .

Mais informação aqui: http://www.executivaipb.com.br

domingo, 28 de novembro de 2010

A PERSEVERANÇA DOS SANTOS


por Duane Edward Spencer

Em suas afirmações, os arminianos ensinam que a pessoa salva "pode decair da graça" e, portanto, pode perder a salvação uma vez adquirida. Desde que o ato de fé, para a salvação, depende da vontade do homem, há a possibilidade de a fé deixar de ser contínua e de o pecador cometer algum pecado digno de condenação, e, assim, por sua própria vontade, ele pode rejeitar a Deus e voltar-se para seu velho mestre — o Diabo! Essa, naturalmente, é a única conclusão lógica a que pode chegar alguém que defende os quatro primeiros pontos do arminianismo, e os 'brilhantes' estudantes dessa doutrina sabem disso!

Os calvinistas ensinam que os santos, também conhecidos como eleitos, nunca podem perder-se, uma vez que a salvação deles é assegurada pela imutável vontade do Deus onipotente! Uma vez que nenhuma condição, da parte do homem, determina sua escolha — visto que as Escrituras ensinam que a eleição é incondicional —, não há razão para o homem salvo temer a perda da salvação, pois quem o salva é a graça de Deus. Certamente, raciocina o calvinista, se é da vontade de Deus que eu seja salvo — e a vontade de Deus é imutável —, eu sou alcançado pela salva­ção, permaneço nela e vou para o céu, porque essa é a vontade de Deus!

"Pois, segundo seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias de suas criaturas" (Tg 1.18).

Assim, deparamo-nos com duas posições diametralmente opostas. Uma está baseada no raciocínio da mente carnal (que é sempre inimiga de Deus); a outra se constitui num fato baseado na Escritura. Consideremos, portanto, o que a Bíblia diz:

"Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao dia de Cristo Jesus" (Fp 1.6).

Portanto, Deus, que é o Autor da "boa obra" (que ele começou no eleito, e não o homem), "quer realizá-la (tempo verbal contínuo, ou manter em realização a obra no santo) até ao dia de Cristo Jesus", quando os eleitos receberão corpo ressurreto e sem pecado! Portanto, essa "boa obra" é dele e não nossa! Por isso, Paulo diz ainda aos cristãos de Filipos:

"Pois nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo de sua glória, segunda a eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas coisas" (Fp 3.20-21).

Observe-se a quem o Pai deu "todo poder", de modo a torná-lo capaz de submeter "todas as coisas a si mesmo". Deu "todo poder" a nosso Rei-Salvador, que há de retomar! Ele é o glorio­so de quem as Escrituras dizem:

“... lhe conferiste autoridade sobre toda carne, afim de que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste" (Jo 17.2).

Dará vida eterna a quantos? A quem? O Filho de Deus afirma também nos mais incisivos termos:

"E a vontade de quem me enviou é esta: Que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o res­suscitarei no último dia" (10 6.39).

Que diz sua Bíblia? Perder-se-ão alguns dos que o Pai deu ao Filho? Ou não se perderá nenhum dos que o Pai lhe deu? Se é evidente que a salvação é do Senhor, é evidente também que, uma vez salvos pelo poder de Deus, estão salvos para sempre! Nada temos de fazer, absolutamente, para "receber a salvação", e nada temos de fazer também, absolutamente, "para conservar a salvação", porque a salvação nos é dada ela graça de Deus, e não pela vontade vacilante do homem! Notemos as palavras de Deus, o Filho:

"Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, eternamente, e ninguém as arrebatará de minha mão" (Jo 10.28).

Quanto tempo dura a salvação que Deus nos dá por sua própria vontade? Poderá perecer a ovelha eleita pelo Bom Pastor? De quem são as palavras que citamos neste último versículo? Do homem ou de Deus? Por que será que alguns se baseiam em passagens não muito claras, nas Escrituras, para tentar anular passagens super claras? Pode ser porque se recusam a ter a salvação pela soberana graça de Deus, ou porque querem ter a salvação obtida por suas próprias obras de fé.

Vejam-se as palavras de Pedro ditas quando ele estava sendo dirigido e controlado pelo Espírito Santo. Para ele, os eleitos eram destinados

“... para serem herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para vós outros, que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para salvação preparada para revelar-se no último tempo" (1 Pe 1.4-5).

Não é, pois, de maravilhar que Paulo tenha cantado exultantemente:

“... porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que ele é poderoso para guardar meu depósito até àquele dia" (2 Tm 1. 12).

Confira esta passagem com João 17.11.

Somos predestinados para o céu, porque Deus nos elegeu para a glória! É por isso que Paulo assegura aos Tessalonicenses:

“... para o que também vos chamou mediante nosso evan­gelho, para alcançar a glória de nosso Senhor Jesus Cristo" (2 Ts 2.14).

Os céus são nosso lar e a glória daquela habitação celestial é nossa herança, porque Deus assim quis por meio de sua graça! Eis o que Paulo nos diz:

“... nele (em Cristo), digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho de sua vontade" (Ef 1.11).

“... o que Israel busca, isso não conseguiu; mas a elei­ção o alcançou; e os mais foram endurecidos" (Rm 11.7).

“... por isso que Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade" (2 Ts 2.13).

É não pequena maravilha Paulo — sabendo que o Criador onipotente fez dele objeto de seu amor — dizer ousadamente:

"O Senhor me livrará também de toda obra maligna, e me levará salvo para seu reino celestial" (2 Tm 4.18).

Não pequena maravilha é Judas escrever aos eleitos de Deus:

"Judas, servo de Jesus Cristo, e irmão de Tiago, aos chamados, amados em Deus Pai, e guardados em Jesus Cristo" (Jd 1).

Não pequena maravilha é Paulo orar confiadamente pelos santos de Tessalônica:

"O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo; fiel é o que vos chama, o qual também o fará" (1 Ts 5.23-24).

Quem é que preserva os crentes "imaculados" até que ele venha? Quem é que é fiel? Quem é que faz o maravilhoso trabalho de santificar e guardar? É nosso Senhor Jesus Cristo, natu­ralmente! Os santos perseveram, porque ele persevera. Não so­mos guardados em pedaços ou em partes, mas somos guardados completos, íntegros: "Espírito, alma e corpo". Ou, como diz Judas no fim de sua vigorosa Epístola:

"Ora, aquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante de sua glória, ao único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus Cristo, Senhor nosso, glória, majestade, império e soberania, antes de todas as eras, e agora, e por todos os séculos. Amém" (Jd 2-25).

Sim, os santos perseverarão porque o Salvador declara que quer perseverar em favor deles, e quer guardá-los! Se a perseverança depende do homem volúvel, com sua pecaminosa natureza decaída, então ele não tem esperança. A perseverança dos santos depende da graça irresistível que nos é assegurada porque Cristo morreu por nós, uma vez que a expiação que temos, por seu sangue, é limitada aos eleitos. Essa eleição, graças a Deus, não está baseada em qualquer condição de bem pré-conhecido em nós, pois "bom não há sequer um!". Pela graça de Deus, a eleição é incondicional e não se pode encontrar nenhuma condição por parte do homem, visto que ele é totalmente depravado, isto é, totalmente incapaz de exercer boa vontade para com Deus, totalmente impotente para, por isso mesmo, alcançar a vida ou, por sua livre vontade, totalmente incapaz de livrar-se do super poder do deus da morte!

Fonte: TULIP – Os Cinco Pontos do Calvinismo à Luz das Escrituras, Edições Parakletos, 2º Ed., 2000.

O HOMEM FOI CRIADO PARA PENSAR


por John W. Stott

Começo com a criação. Deus fez o homem à sua própria imagem, e um dos aspectos mais nobres da semelhança de Deus no homem é a capacidade de pensar. É verdade que todas as criaturas infra-humanas têm cérebro, alguns rudimentos, outros mais desenvolvidos. 

O Sr. W.S. Anthony, do Instituto de Psicologia Experimental de Oxford, apresentou um trabalho perante a Associação Britânica, em setembro de 1957, no qual descreveu algumas experiências com ratos. Ele pôs obstáculos às entradas que continham alimento e água, frustrando-lhes as tentativas de encontrar o caminho naquele labirinto. Descobriu que, diante do labirinto mais complicado, seus ratos demonstraram o que ele denominou de “dúvidas intelectuais primitiva”! Isso bem pode ser verdade. Todavia, mesmo que algumas criaturas tenham dúvidas, somente o homem tem o que a Bíblia chama de “entendimento”.

A Escritura assegura e evidencia isso a partir do momento da criação do homem. Em Gênesis 2 e 3 vemos Deus comunicando-se com o homem de um modo segundo o qual Ele não se comunica com os animais. Ele espera que o homem colabore consigo, consciente e inteligentemente, no cultivo e na conservação do jardim em que o colocara, e que saiba diferenciar- tanto racional como moralmente - entre o que lhe é permitido e o que lhe proibiu de fazer. Ainda mais, Deus chama o homem para dar nomes aos animais, simbolizando assim o senhorio que lhe dera sobre essas criaturas. E Deus cria a mulher de maneira tal que o homem imediatamente a reconhece como companheira idônea de sua vida, e então irrompe espontaneamente primeiro poema de amor da História!

Esta racionalidade básica do homem, por criação, é admitida em toda a Escritura. Na realidade, sobre esse fato se apóia o argumento normal que, sendo o homem diferente dos animais, ele deve comportar-se também diferentemente. “Não sejais como o cavalo ou a mula, sem entendimento”. Em conseqüência, o homem é escarnecido e repreendido quando o seu comportamento é mais bestial que humano (“eu estava embrutecido e ignorante; era como um irracional à tua presença”), e quando a conduta de animais é mais humana que a de alguns homens. Pois que às vezes os animais de fato superam os homens. As formigas são mais trabalhadoras e mais previdentes que o folgadão. Os bois e jumentos muitas vezes dão a seus donos um reconhecimento mais obediente do que o povo Deus ao Senhor. E os pássaros migratórios são melhores no arrependimento, já que quando partem em migração sempre retornam, enquanto que muitos homens que se desviam não conseguem voltar.

O tema é claro e desafiador. Há muitas semelhanças entre o homem e os animais. Mas os animais foram criados para se conduzirem por instinto, enquanto que os homens (apesar dos “behavioristas”), por escolha racional. Dessa forma os homens, ao deixarem de agir racionalmente, procedendo por instinto à semelhança dos animais, estão se contradizendo, contradizendo sua criação e sua diferenciação como seres humanos, e devem Ter vergonha de si próprios.

De fato é verdade que a mente do homem está afetada pelas devastadoras conseqüências da Queda. A “depravação total” do homem significa que cada parte constituinte da sua humanidade foi, até certo ponto, corrompida, inclusive sua mente, a qual a Escritura descreve como “obscurecida”. Com efeito, quanto mais os homens reprimem a verdade de Deus que reconhecem, mais “fúteis”, ou mesmo “insensatos” se tornam no seu pensar. Podem declarar-se sábios, mas são tolos. A mente deles é a “mente da carne”, a mentalidade de uma criatura decaída, e é basicamente hostil a deus e à sua lei.

Tudo isso é verdade. Mas o fato de que a mente do homem é decaída não nos pode servir de desculpa para batermos em retirada, passando do pensamento à emoção, já que o lado emocional da natureza humana está igualmente decaído. De fato, o pecado traz mais efeitos perigosos à nossa faculdade de sentir do que à nossa faculdade de pensar, porque nossas opiniões são mais facilmente controladas e reguladas pela verdade revelada do que nossas experiências.

Assim, pois, apesar do estado decaído da mente humana, ainda o homem lhe é ordenado pensar e usar sua mente, na condição de criatura humana que é. Deus convida o Israel rebelde. “Vinde, pois , e arrazoemos, diz o Senhor”. E Jesus acusou as multidões descrentes, inclusive os fariseus e saduceus, por poderem interpretar as condições meteorológicas e preverem o tempo, mas não poderem interpretar “os sinais dos tempos” nem preverem o julgamento de Deus. “Por que perguntou-lhes. Em outras palavras: por que não usais os vossos cérebros? Por que não aplicais ao campo moral e espiritual o sentido comum que empregais no físico?”.

A sociedade secular, por esse mundo a fora, concorda com o ensino da Escritura acerca da racionalidade básica do homem, constituída em sua criação e não de todo destruída na Queda. Os propagandistas podem dirigir os seus apelos promocionais aos nossos apetites mais baixos, mas eles não têm nenhuma dúvida de que temos a capacidade de distinguir entre produtos: de fato, muitas vezes até mesmo chegam a lisonjear o consumidor que discrimina. Quando sai a primeira notícia de um crime, geralmente ela vem com a frase “o motivo ainda não foi descoberto”. Pressupõe-se, como se vê , que mesmo a ação criminosa tem uma motivação, seja ela qual for. E quando nossa conduta é mais emocional do que racional, ainda assim insistimos em “racionalizá-la”. O próprio processo chamado “racionalização” é significativo. Indica que o homem de tal forma se constituiu num ser racional que quando não tem razões para a sua conduta ele tem que inventar alguma para se satisfazer.

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Fonte: Crer é também Pensar. A importância da mente cristã. ABU Editora. São Paulo, SP. 1994.

DEUS TEM O CONTROLE DE TUDO


por A. W. Pink

"Tua é, SENHOR, a magnificência, e o poder, e a honra, e a vitória, e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu é, SENHOR, o reino, e tu te exaltaste por cabeça sobre todos." 1 Crônicas 29:11

Você compreende o que implicam as palavras "Soberania de Deus"? Na introdução vimos que, embora exista muita maldade no mundo, a bíblica afirma que Deus está em completo controle de tudo. Isto é o que implicam as palavras "Soberania de Deus". Quando dizemos que ES é soberano, queremos dizer que Deus tem poder absoluto sobre tudo. Ele é o Supremo, o Grande Rei; Ele é Deus. Ele faz a sua vontade no céu e na terra, e não existe mas ninguém que possa deter a sua mão e Lhe dizer: "O que fazes?". Quando dizemos que Deus é soberano, queremos dizer que Ele é o Deus Todo Poderoso, que possui todo poder no céu e na terra e que ninguém pode resistir a sua vontade. Este é o Deus da Bíblia.

Freqüentemente, o ensino moderno nos dá um conceito muito diferente acerca de Deus. a miúdo apresenta um "deus" impotente e ineficaz, um "deus" de aflição mais do que um Deus digno de ser temido. A maioria do ensino moderno diz que Deus "o Pai" quer salvar a todo mundo, e que "o Filho" morreu para salvar a "todos", e que Deus o Espírito Santo está tentando agora ganhar a todos os homens no mundo. Mas, não resulta obvio que muitas pessoas estão morrendo sem ter sido salvas por Cristo, e sem esperança alguma? Então, se muitos morrem sendo perdidos e se acreditamos que Deus queria salvá-los a todos, com certeza o Pai deve estar desapontado, o Filho deve sentir-se insatisfeito e o Espírito Santo tem sido derrotado.

Não podemos dizer que Deus tenha sido surpreendido pelo pecado humano, porque isto deixaria a Deus no nível dos seres humanos que são falíveis e cheios de erros. Também não podemos dizer que Deus fique impotente diante do sofrimento e do pecado no mundo, porque então estaríamos passando por alto o que a Bíblia diz: que Deus controla até os maus atos que os homens cometem. Em verdade, se negamos a soberania de Deus, pronto já não teremos espaço para Deus em nossos pensamentos.

Deus é completamente soberano. Ele possui o direito de governar tudo tal como Ele quer. Deus é como o oleiro que tem o controle completo sobre o barro. Deus é soberano na forma em que usa o seu poder. Ele o usa como, quando e onde deseja. Todo o testemunho da Bíblia afirma esta verdade. Quando o Faraó, rei do Egito, tentou deter os israelitas para que não fossem adorar a Deus no deserto, Deus usou o seu poder e os israelitas foram salvos, enquanto que os egípcios foram vencidos.

Depois, quando os israelitas entraram na terra de Canaã e acharam que a cidade de Jericó era um obstáculo, Deus usou seu poder e os muros da cidade forram derrubados. O poder de Deus salvou Davi de Golias.

Deus fechou as bocas dos leões para que não ferissem Daniel. Ainda assim, em ocasiões Deus não mostra o seu poder por um longo tempo, e então repentinamente o manifesta e todos podem vê-lo.

O poder de Deus nem sempre resgata seu povo dos perigos. Em Hebreus 11:36-37, nos diz como alguns que creram em Deus foram apedrejados e ainda mortos, e outros andaram errantes cobertos com peles de animais e suportando muito sofrimento. Por que não foram resgatadas estas pessoas pelo poder de Deus como as outras? A única resposta é que Deus é soberano na maneira em que usa o seu poder. Ele faz o que sabe que é melhor.

Deus é soberano também na maneira em que outorga o seu poder a outros. Concedeu poder a Matusalém para que vivesse muito mais tempo que ninguém. Deus concede a alguns a capacidade de ganhar muito dinheiro, porém não faz a todos ricos. Isto se deve a que Deus exerce sua soberania ao conceder o seu poder às pessoas. Ele não dá o mesmo poder a todos.

Deus é soberano também no outorgamento de sua misericórdia. Quando Jesus foi ao tanque de Betesda em Jerusalém, havia muitos doentes ali e entre eles estava um homem que tinha estado enfermo por trinta e oito anos. João capítulo 5 nos fala que Jesus disse a este homem: "Levanta-te, toma o teu leito, e anda" (versículo 8). Imediatamente o homem foi sarado; levantou seu leito e se foi. Então, por que foi curado este homem em particular?

Não nos diz que fosse devido a que merecesse ser sarado. Ou seja, a misericórdia de Deus manifestou-se nele de uma maneira soberana, porque Jesus poderia ter sarado a toda a multidão tão facilmente como o fez com este homem. Porém Jesus usou seu poder divino para curar um único homem.

Deus é soberano na maneira em que outorga a sua misericórdia. Ele mostra sua misericórdia como a Ele apraz.

Deus é soberano na forma em que mostra a sua graça. A graça é o favor divino mostrado àqueles que não a merecem (senão que, ao contrário, merecem ser enviados para o inferno). A graça é o oposto à justiça, já que a justiça nos dá só o que merecemos. A graça é a bondade de Deus para as pessoas que não a merecem, uma vez que ela tem odiado e desobedecido a Deus e Sua lei. A graça é um dom (um presente) de Deus, de maneira tal que ninguém pode exigi-la como se fosse um direito, pois então deixaria de ser graça. Deus não deve graça a ninguém, senão que a concede aos que Ele quer pela sua própria soberana vontade. Podemos regozijar-nos nisso, porque os pecadores são salvos pela graça.

Isto significa que a pessoa mais pecaminosa pode ser alcançada por esta graça. A graça exclui toda arrogância humana e dá a Deus toda a glória da salvação.

Quase cada página da Bíblia nos lembra que Deus é soberano no outorgamento de sua graça. Quando Jesus nasceu, as boas novas não foram anunciadas a todo mundo, senão que foram dadas aos pastores de Belém e aos homens sábios do Oriente. Deus poderia tê-lo dito a todos, porém não o fez, porque Ele é soberano na forma em que exerce a sua graça.

Percebe você que Deus tem outorgado a sua graça a pessoas com poucas probabilidades de serem alcançadas? Ele a mostrou aos pastores e a homens que nem sequer eram judeus. Freqüentemente, desde aquele momento até o dia de hoje, Deus tem feito exatamente o mesmo, mostrando a sua graça às pessoas mais desprezíveis e indignas. Tem Ele mostrado a sua graça para você?

Temos visto que tudo na Bíblia nos diz que Deus é soberano. No próximo capítulo veremos que todas as coisas que Deus tem criado também nos mostram que Ele é o Deus soberano.

TEXTOS BÍBLICOS:

Daniel 11:32: "E aos violadores da aliança ele com lisonjas perverterá, mas o povo que conhece ao seu Deus se tornará forte e fará proezas."

Isaias 55:8-9: "Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o SENHOR. Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos."

Romanos 11:33: "O profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!".

Efésios 1:1: "Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, aos santos que estão em Éfeso, e fiéis em Cristo Jesus."

Romanos 11:36: "Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém."

1 Crônicas 29:10-11: "Por isso Davi louvou ao SENHOR na presença de toda a congregação; e disse Davi: Bendito és tu, SENHOR Deus de Israel, nosso pai, de eternidade em eternidade. Tua é, SENHOR, a magnificência, e o poder, e a honra, e a vitória, e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu é, SENHOR, o reino, e tu te exaltaste por cabeça sobre todos."

1 Tm 6:15: "A qual a seu tempo mostrará o bem-aventurado, e único poderoso Senhor, Rei dos reis e Senhor dos senhores."

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Este artigo foi traduzido do espanhol para o português por Daniela Raffo. Este artigo é parte de um livro que foi traduzido de uma versão abreviada em inglês intitulada "Quem está no controle?", publicado por Grace Publications Trust, e em sua versão original em inglês por Baker Book House. O título da versão original em inglês é: "A soberania de Deus".

COMO DEVEMOS PROCEDER DIANTE DA SOBERANIA DE DEUS?


por Arthur W. Pink

Deus é soberano e opera de acordo com seu plano eterno na salvação do seu povo. A vontade dos homens não escolhe naturalmente a Deus porque está inclinada para o mal. Somente Deus pode fazer que uma pessoa deseje ser salva dos seus pecados. Ele é o Deus soberano, Ele é o grande Rei. Se acreditamos nisso, como devemos então reagir?

Primeiro, já que Deus é soberano, devemos temê-Lo. Temer a Deus significa lembrar quão grande, santo e poderoso é Deus. Significa também lembrar quão pequenos, pecaminosos e fracos somos nós. Significa fazer a Sua vontade e crer tudo o que Ele nos diz em Sua Palavra.

Significa obedecer a Deus porque dependemos totalmente dEle. Deus nos dá tudo o que precisamos e por isso, o menos que podemos fazer é obedecê-Lo no que Ele diz na Bíblia e Lhe dar o primeiro lugar em tudo.

Segundo, como Deus é soberano devemos aceitar com gosto todo o que nos acontece. Podemos queixar-nos quando não temos o que desejamos, o podemos sentir que merecemos alguma bênção em particular.

Talvez sintamos que merecemos o êxito ou a felicidade. Mas se somos crentes verdadeiros, sabemos que Deus não nos dá o castigo que os nossos pecados merecem. Os crentes verdadeiros percebem que, em vez de punir-nos, Deus tem sido muito bondoso para conosco em todos os aspectos, quando merecíamos o contrário. E se realmente acreditamos que Deus é soberano em tudo, então devemos reconhecer que Ele tem o direito de fazer o que Lhe apraz com o que é dEle, inclusive conosco.

Portanto, se Deus faz com que nos aconteçam coisas de que não gostamos, devemos aceitá-las sabendo que provêm de sua mão, e que Ele procura somente o nosso bem.

Terceiro, já que Deus é soberano, sempre devemos estar agradecidos a Ele. Sentimos-nos agradecidos quais as coisas vão de acordo ao que desejamos, mas também deveríamos louvá-Lo e Lhe dar graças quando nos parece que tudo vai mal. Deveríamos ser gratos ainda em tempos difíceis, porque se somos crentes verdadeiros, acreditamos que Deus nos tem escolhido, que nos ama e que está controlando todo o que nos acontece.

Se realmente somos crentes, devemos seguir o exemplo de nosso Senhor Jesus Cristo. Você percebeu quão temeroso era Jesus de desde o Pai, aceitando Sua vontade e dando-Lhe graças em todo momento? No Novo Testamento vemos que quando Satanás o tentou, Jesus lhe disse que somente Deus devia ser adorado. Ao longo do Novo Testamento vemos a obediência de Cristo, até que sua obediência culminou em sua morte em favor do povo escolhido de Deus. Jesus aceitou a vontade do Pai ainda e quando pediu que, se possível, o Pai eliminasse os seus sofrimentos.

Ele também disse: "Não seja feita a minha vontade, senão a Tua". Também vemos como Cristo dava graças ao Pai. Ainda quando a gente que tinha visto os seus milagres não se arrependeu nem acreditou nEle, Jesus todavia dava graças a Deus. Como Lucas disse: "Naquela mesma hora se alegrou Jesus no Espírito Santo, e disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste às criancinhas; assim é, ó Pai, porque assim te aprouve" (Lucas 10:21). Seguramente, se nós somos crentes verdadeiros em Cristo Jesus faremos o mesmo.

Finalmente, já que Deus é soberano, devemos adorá-Lo. Ele usa seu poder sabiamente e para benefício de seu povo. Devido a que Deus é completamente sábio, não pode cometer nenhum erro; porque Ele é santo, também não fará mal nenhum. Se não conhecêssemos mais sobre Deus, exceto que a Sua vontade é soberana, então somente teríamos medo dEle. Porém, podemos regozijar-nos porque sabemos que a poderosa e imutável vontade de Deus é também inteiramente boa.

O propósito divino de controlar tudo é mostrar a Sua própria santidade, bondade e verdade. A pesar de quanto vejamos no mundo, Deus ainda está executando os seus propósitos. E para realizar isso, em algumas ocasiões usa até os homens malvados e a Satanás. Ninguém pode alterar o propósito de Deus. Para Sua própria glória, Deus controla todo porque quer mostrar-nos Sua bondade, santidade e verdade. Para Sua própria glória, Deus o Pai escolheu uma grande número de pessoas para serem salvos de seus pecados. Jesus Cristo morreu por estas pessoas e o Espírito Santo lhes dá a vida espiritual.

Para mostrar Sua glória, Deus muda a natureza malvada das pessoas escolhidas para salvação, a fim de que se voltem para Ele e aprendam a amá-Lo.

Esta obra maravilhosa de Deus está acontecendo atualmente em todas partes do mundo. Muitos dos que lerão estas palavras são aqueles que Deus têm chamado para que sejam Seu povo. Ele os mudou, e tem lhes dado vida espiritual a fim de que chegassem a ser Seu povo. Se você deseja que este Deus seja o seu Deus, então busque-O em oração. Ele tem prometido e não lançará fora a ninguém que venha até Ele. Naturalmente que não os lançará fora, porque é a mesma obra dEle em seus corações a que lhes faz desejar acudir a Ele.

Todas as coisas foram feitas por Deus, todas as coisas são controladas por Ele. Todas as coisas operam de acordo ao seu plano. Todas as coisas servem para a glória de Deus, e quando todas as coisas cheguem ao seu fim, este Deus soberano permanecerá por sempre sendo adorado e louvado em toda a Sua bondade, santidade e glória. Vamos então a louvar e adorar o nosso soberano e Todo Poderoso Deus, aqui e agora.

Grande Deus! Quão infinito és Tu,
Quão débeis e indignos vermes somos nós!
Prostre-se toda criatura e busque a salvação de ti.
A eternidade com todos seus anos
Permanece sempre presente a Tua vista,
Para Ti não existe nada velho, Grande Deus!
Não pode haver nada novo para Ti.
As nossas vidas são movidas de um lado a outro,
E angustiadas por coisas que não têm importância;
Enquanto Teu eterno pensamento segue adiante,
Segundo o Teu imutável e inalterável plano.
Isaac Watts (1674-1748).

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Este artigo foi traduzido do espanhol para o português por Daniela Raffo. Este artigo é parte de um livro que foi traduzido de uma versão abreviada em inglês intitulada "Quem está no controle?", publicado por Grace Publications Trust, e em sua versão original em inglês por Baker Book House. O título da versão original em inglês é: "A soberania de Deus".