segunda-feira, 3 de outubro de 2011

A VONTADE DE DEUS

Por Duane Edward Spencer

Com base nas Santas Escrituras, comecemos nossa comparação dos Cinco Pontos do Arminianismo com os Cinco Pontos do Calvinismo, estabelecendo a base bíblica a respeito da vontade e dos decretos de Deus (= Jeová), queremos dizer ela não é senão expressão do seu Ser onipotente e onisciente. Se Ele é onipotente, como o atestam as Escrituras, Ele realizará tudo o que está incluído nos seus propósitos, e, se, Ele é onisciente, não cometerá erros nos seu plano original, nem terá necessidade de alterar o seu propósito original:  

“...diz o Senhor que faz estas coisas conhecidas desde séculos”. (Atos 15:18) 

Como afirmou Benjamin Warfield, cuidadosamente: “Na infinita sabedoria do Senhor de toda a terra, cada evento se realiza com precisão no Seu próprio lugar, no desdobramento do Seu plano divino. Nada, por pequeno e estranho que seja, ocorre sem estar prescrito, ou em sua particular adequação ao seu lugar, na realização do Seu propósito; no fim de tudo, será manifestada a Sua glória e aumentado o Seu louvor. Esta é a filosofia do Universo, tanto no Velho como no Novo Testamento, uma visão do mundo que alcança unidade num absoluto decreto, ou propósito, ou plano do qual tudo o que acontece é apenas o seu desdobramento no tempo”.

Portanto, como veremos, o que quer que aconteça na história da humanidade, acontece em virtude do fato de estar de acordo com o eterno plano ou propósito de Deus. Se alguma coisa deve ocorrer contra a vontade de Deus, porque na opinião da criatura finita “é boa”, então Satanás e o homem, pelo menos ocasionalmente, devem ser iguais ou superiores ao Criador, cuja palavra sustenta que Ele é onipotente e totalmente irresistível! Por outro lado, se a vontade determinante de Deus reflete a imutável natureza do seu Ser, ela não pode nem ser obstruída nem anulada. Portanto, o que quer que venha a ocorrer em qualquer parte da criação, e em qualquer tempo da história, ocorre porque o Deus onisciente conheceu o fato, como uma possibilidade, desejou-o como uma realidade, por Sua onipotência, e estabeleceu-o no Seu plano ou propósito.
Veremos, mais adiante, que não há conflito entre as poderosas obras que manifestam sua santidade, justiça e juízo, e as gloriosas obras que revelam sua graça, amor e perdão. À luz de toda a Escritura, Deus é visto de modo perfeitamente consistente tanto quando condena uns, como quando perdoa; tanto quando revela Seu soberano juízo e justiça sobre os pecadores que não se arrependem, como quando declara Sua graça soberana, perdoando livremente àqueles que escolheu “em Cristo Jesus”, antes da fundação do mundo. Como o único Agente genuinamente livre, em toda a eternidade, que não é influenciado por nenhuma criatura ou força externa, só Ele, o Senhor da glória, pode dizer desafiantemente:

 “Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia, e me compadecerei de quem me aprouver ter compaixão. Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece” (Romanos 9:15-16)

Como o único Ser, no tempo e na eternidade, com absoluta liberdade de querer as coisas como Ele as vê, Deus traçou um plano que inclui tanto a eleição como a reprovação. O apóstolo Paulo diz:

“E não ela somente, mas também Rebeca ao conceber de um só, Isaque, nosso Pai. E ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o propósito de Deus quanto à eleição prevalecesse, não por obras, mas por Aquele que chama), já lhe fora dito a ela: O mais velho será servo do mais moço. Como está escrito: Amei Jacó, porém me aborreci de Esaú” (Romanos 9:10-13)

Em outras palavras: sem levar em conta o bem ou o malem relação aos dois homens (Jacó e Esaú), Deus fez de Jacó objeto do seu amor e Esaú, o objeto de sua ira. Por quê? Para que o seu propósito ou Plano Divino, de acordo com a eleição (ou escolha de pessoas ou eventos que realizam sua vontade0, “ficasse” firme”. O Deus das Escrituras não se desculpa pelo fato de ter determinado deixar a maioria dos homens passar a eternidade sob o seu juízo, dando-lhes exatamente aquilo que merecem, ao mesmo tempo em que, também, determinou ordenar para a salvação alguns que, igualmente, soa merecedores de juízo, porque é do seu agrado agir assim para mostrar sua natureza de graça, misericórdia e amor na presença dos anjos eleitos. Paulo pôde dizer:

“Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançarmos a salvação por nosso Senhor Jesus Cristo” (I Tessalonicenses 5:9)


Cristo, na verdade, é um escândalo para os não-regenerados, e o seria também para todos os homens, se Deus não tivesse escolhido e regenerado alguns dentre eles, levando-os ao arrependimento e dotando-os de em sua Palavra. Pedro diz que o Salvador é:

“Como uma pedra de tropeço e rocha de escândalo; porque tropeçam na palavra, sendo desobedientes; para o que também foram destinados” (I Pedro 2:8)

Neste texto, Pedro usa a mesma palavra grega que significa “ordenados” ou “estabelecidos”, e que Paulo emprega quando diz que nós, ao contrário, “não fomos ordenados” a ira e a descrença. Quando o apóstolo Paulo deseja mostrar como Deus ordenou uns para a salvação, sem levar em conta quaisquer qualidades de bem que tivessem feito, e, ao contrário, quando deseja mostrar que Deus ordenou outros para a condenação, diz:

“Pois diz a Escritura a Faraó: Para isto mesmo te levantei: para em ti mostrar o meu poder, e para que seja anunciado o meu nome em toda a terra
“(Romanos 9:17)

Em outras palavras, quando Deus precisou de alguém para executar o seu plano – alguém que resistisse a sua Palavra e perseguisse Israel e o matasse -, escolheu a Faraó. Dentre milhões de espermatozóides que poderiam ter fecundado o ovo preparado da mãe de Faraó, Deus determinou que um fecundasse e se tornasse rei do Egito. Esse indivíduo, em particular, perfeitamente preparado para a tarefa de levar a bom termo aqueles feitos que fizeram cumprir-se, perfeitamente, o propósito de Deus naquele admirável momento histórico. Para levar adiante o seu plano, Deus não precisou fazer Faraó agir contra a sua própria natureza. Ele apenas usou a pessoa que tinha todos os ingredientes necessários com os quais responderia positivamente ao “príncipe do poder do ar” e, ao mesmo tempo, realizaria o propósito divino estabelecido desde toda a eternidade! Isto não é senão a enunciação do principio, que diz:

“Pois até a ira homem há de louvar-te...”
(Salmo 76:10)

Antes de ter lançado os fundamentos do céu e da terra, o Criador determinou que cada criatura e cada ato da história seria para sua glória e honra, e não para a glória e honra de outro. Ele determinou também que “ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor para a glória de Deus Pai” (Filipenses 2:10-11)
Além disso, aqueles que se recusam a aceitar o eterno decreto de Deus, Paulo escreve:

 “Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para uso honroso e outro para uso desonroso? E que direis, se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição; para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que de antemão preparou...” (Romanos 9:20-25)

Em suma, o Divino Oleiro determinou que algumas de suas criaturas fossem preparadas ou “escolhidas” para serem vasos de desonra, cujo fim seria o castigo eterno. Outras, feitas do mesmo barro, foram predestinadas a serem vasos apropriados para dar glória ao seu nome, e ordenadas para gozar a eternidade na alegria dos céus. Oh, meu Deus! Se Paulo estivesse pregando uma tal mensagem numa boa parte de púlpitos “evangélicos” hoje, haveria uma reunião incontinenti do Conselho de Oficiais da Igreja, e o pregador seria expulso antes mesmo de eles saírem para o almoço! Não admira, pois, que a Escritura diga:

Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. Porque, assim como o céu é mais alto do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos” (Isaías 55:8-9)

Certamente, o caminho de Deus não é o caminho “que parece certo ao homem”. Contudo, lembremo-nos, o caminho que parece muito certo à razão do homem é, na verdade, o caminho de Satanás, e o seu fim é a morte eterna, como diz Salomão:

“Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele conduz à morte” (Provérbios 14:12)

Os homens podem conluiar e podem fazer projetos seguindo o plano contrário a Satanás, o seu deus, mas não podem agir de modo contrario a vontade e o plano de Deus, que preordenou toda a história, desde os maiores aos menores eventos, mesmo os mais (aparentemente) insignificante! Quanto aos resultados (deste plano), os santos de Deus podem ”dar graças em todas as coisas”, porque sabem que o Criador estabeleceu um plano que garante que “todas as coisas” na história, operarão no seu conjunto para o bem de seus eleitos. Eles podem enfrentar os seus inimigos que procuram arruinar suas vidas, bem como podem enfrentar os eventos que os têm afligido e penalizado, e dizer como José:

“Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; Deus, porém, o intentou para o bem, para fazer o que se vê neste dia, isto é, conservar muita gente com vida” (Gênesis 50:20)

Como reconheceu Nabucodonozor, depois de recobrada a sua sanidade, podemos entender que:

“E todos os moradores da terra são reputados em nada; e segundo a sua vontade ele opera no exército do céu e entre os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?” (Daniel 4:35)
                                                                                           
Loraine Boettner sumariou isto, dizendo: “Tudo foi infalivelmente determinado e imutavelmente fixado por Deus, desde o começo, e tudo o que acontece no tempo não é senão a realização daquilo que foi ordenado na eternidade”.

Jeová diz:
“Lembrai-vos das coisas passadas desde a Antigüidade; que eu sou Deus, e não há outro; eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que anuncio o fim desde o princípio, e desde a Antigüidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho subsistirá, e farei toda a minha vontade” (Isaías 46:9-10)

Quão arrasador do Eu é um tal testemunho! Como a mente carnal do homem aborrece a doutrina da graça soberana e do castigo! Como o coração do homem se rebela contra os decretos do Todo-poderoso, que governa sem que sua imutável vontade seja violada! Como o homem odeia, quando lhe dizem:

“O coração do homem propõe o seu caminho; mas o Senhor lhe dirige os passos” (Provérbios 16:9)

A mente carnal procura criar o seu próprio deus, que ama a todas as coisas, que se afina com todos os modos do mal e da loucura, e sucumbe à vontade dos homens maus, que gritam: “Desigualdade!” Os homens, pecadores que são não podem tolerar um Deus que:

“Disse, pois, ele: Vai, e dize a este povo: Ouvis, de fato, e não entendeis, e vedes, em verdade, mas não percebeis. Engorda o coração deste povo, e endurece-lhe os ouvidos, e fecha-lhe os olhos; para que ele não veja com os olhos, e ouça com os ouvidos, e entenda com o coração, e se converta, e seja sarado” (Isaías 6:9-10)

Contudo, este é precisamente o Deus que temos na Escritura, quer o vejamos através dos Profetas do Antigo Testamento, quer o vejamos nas pessoa do seu Filho amado, no Novo Testamento. Como Lutero, rudemente, coloca a questão: “Ofende grandemente a nossa natureza racional o foto de Deus, com base em sua só vontade imparcial, deixar alguns homens entregues a si mesmos, trata-los duramente e, então, condena-los! Porém, Deus demonstrou abundantemente – e continua a faze-lo – que esse é realmente o caso, isto é, que a única razão pela qual alguns são salvos e outros perecem está na sua vontade de salvar àqueles e condenar a estes”.

“Portanto, tem misericórdia de quem quer, e a quem quer endurece” (Romanos 9:18)

A Palavra de Deus é o seu poder para a salvação de todos os que crêem. Ele determina quem há de crer e quem há de não crer. Deus declara:

“Assim será a palavra que sair da minha boca: ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei”
(Isaías 55:11)
     
Notemos! A vontade de Deus é realizada pela sua Palavra, naquilo para o que foi enviada. Dois homens, talvez gêmeos idênticos, estão sentados na igreja, assistindo a pregação da Palavra de Deus. Um recebe Cristo e o outro rejeita o Salvador. Por quê? Cuidado com a resposta à base da razão humana, mas responda com base na Escritura1 segunda a Bíblia, a Palavra de Deus realiza a vontade de Deus.
Assim, permanece o fato de que um homem crê, porque essa é a vontade de Deus; e o outro rejeita, porque também é essa a vontade de Deus. Não fosse a escolha divina, e a eleição de alguns para a salvação, ninguém seria capaz de crer. Só crêem aqueles “que são ordenados para a salvação”, porque a Palavra de Deus nunca retorna vazia, frustrada ou anulada. Sempre, e sem exceção, realiza o prazer do Deus soberano, porque Ele decretou que o eu plano divino prosperará em cada pormenor, como diz o Livro de Atos:

“Os gentios, ouvindo isto, alegravam-se e glorificavam a palavra do Senhor; e creram todos quantos haviam sido destinados para a vida eterna” (Atos 13:48)


Fonte: TULIP - Os cinco ponto do Calvinismo a luz das Escrituras, Duane Edward Spencer.

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