sexta-feira, 11 de novembro de 2011

OS DECRETOS DE DEUS


I – A necessidade de uma declaração prévia e de uma exposição dos decretos de Deus:
Antes de estudar a doutrina da predestinação, é indispen­sável considerar a doutrina dos decretos de Deus, desde que a predestinação, como já foi dito na introdução, é um ramo dessa importante doutrina. A relação entre elas é tão íntima que al­guns teólogos têm usado a palavra predestinação “como equi­valente à palavra genérica decreto, incluindo todos os eternos propósitos de Deus”.[1]
“O termo decreto divino é uma tentativa para reunir em uma designação aquilo que a Bíblia apresenta com várias pala­vras e expressões: “o propósito divino”, (Ef.1:11), “determi­nado conselho”, (At.2:23), “presciência” (1Pe.1:2; comparar com 1:20), “eleição”, (1Ts.1:4), “predestinação”, (Rm.8:30), “a vontade divina”, (Ef.1:11), e “beneplácito” (Ef.1:9).” (Chafer).
Decreto divino é o termo geral, e refere-se ao plano de Deus em toda a criação; predestinação é um aspecto particular ou divisão do decreto de Deus, e, refere-se a seres morais, tanto anjos como homens, e está dividida em dois aspectos: a eleição dos salvos, e a reprovação ou preterição dos condenados.
       A mais concisa e compreensiva declaração da doutrina dos decretos divinos está no Breve Catecismo, na resposta a pergunta 7: “Os decretos de Deus são o seu eterno propósito de acordo com o conselho da sua vontade, pelo qual, para sua própria glória, Ele predestinou tudo que acontece”. Essa definição é formada pelas próprias palavras das Escrituras, que são à base da doutrina.
     A mesma doutrina é definida no Catecismo Maior com as seguintes palavras (resposta à pergunta 12): “Os decretos do Deus são os atos sábios, livres e santos do conselho da sua vontade, pelos quais, desde toda a eternidade, Ele, para sua própria glória, imutavelmente, predestinou tudo que acontece, especialmente com referência aos anjos e aos homens”.
Na confissão de fé a doutrina é apresentada nestes termos: Desde toda a eternidade. Deus, pelo muito sábio e santo con­selho da sua própria vontade, ordenou livre e inalteravelmente tudo quanto acontece, porém, de modo que nem Deus é o autor do pecado, nem violentada é a vontade da criatura, nem é tira­da a liberdade ou contingência das causas secundárias, antes estabelecidas”.[2]
Dr. A. A. Hodge define esta doutrina com as seguintes palavras:
“O decreto de Deus é o seu eterno, imutável, santo, sábio e soberano propósito que compreende ao mesmo tempo todas as coisas que foram e que hão de ser em suas causas, condições, sucessões e relações, e que determinam o seu futuro. Os vários conteúdos do eter­no propósito são denominados decretos, por causa da limitação das nossas faculdades que os concebem em seus aspectos parciais e em suas relações lógicas”.[3]
Isto é suficiente para a declaração da doutrina. Considere­mos agora os argumentos que provam sua veracidade.

    Para aqueles que crêem na Bíblia como a revelação de Deus para a humanidade, a prova suprema, o argumento por excelência em favor de qualquer doutrina é aquele que é deri­vado das Escrituras. Assim começaremos com esta espécie de prova.
    Há muitas passagens na Bíblia que ensinam a doutrina dos decretos de Deus. Esta doutrina constitui na realidade uma das tônicas gerais dos ensinos bíblicos. O Dr. Benjamin Warfield fez a seguinte declaração acerca desse fato:
Não é dizer demais que ela (a doutrina da predesti­nação, e por conseguinte, os decretos de Deus) é fun­damental para a consciência religiosa de todos os es­critores da Bíblia; e assim, envolve todas as suas con­cepções religiosas, que, se fossem erradicadas, toda a apresentação bíblica seria transformada. Isto é ver­dade tanto com respeito ao Velho como ao Novo Tes­tamento, como poderá ser suficientemente manifesto se prestarmos atenção à natureza e às implicações dos elementos formativos do sistema do Velho Testamento, bem como as suas doutrinas de. Deus, da providência, da fé e do reino de Deus”.[4]
 O que se segue é uma série de passagens bíblicas que ensi­nam essa doutrina: “O conselho do Senhor dura para sempre, os desígnios do seu coração por todas as gerações”. (Sl.33:11). “Este é o desígnio que se formou concernente a toda a terra; e esta é a mão que está estendida sobre todas as nações. Porque o Senhor dos Exércitos o determinou; quem, pois, o invalidará? A tua mão está estendida; quem, pois, a fará voltar atrás?” (Is.14:26-27). “Lembrai-vos das coisas passadas da antigüida­de; que sou Deus e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer, e desde a antigüidade as coisas que ainda não suce­deram; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade”. (Is.46:9-10). “... e eu bendisse o Altíssimo, e louvei e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo domínio é sempiterno, e cujo reino é de geração em geração. Todos os moradores da terra são por ele reputados em nada e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: que fazes?” (Dn.4:34-35) “Não se vendem dois pardais por um asse? E nenhum deles cairá em terra sem o consentimento de vosso Pai. E quanto a vós outros, até os cabelos todos da cabeça estão contados.” (Mat.10:29-80). “Porque o Filho do homem, na verdade, vai segundo o que está determinado, mas ai daquele por intermédio de quem ele está sendo traído”. (Lc.22:22). “... sendo este entregue pelo determinado de­sígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mão de iníquos”. (At.2:23) “Porque verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade contra o teu santo servo Jesus, ao qual ungiste, Herodes e Pôncio Pilatos, com gentios e povos de Israel para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeter­minaram”. (At.4:27-28). “... de um só fez toda a raça hu­mana para habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habi­tação.” (At.17:26). “Diz o Senhor que faz estas coisas conhe­cidas desde séculos”. (At. 4:18) “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem confor­mes a imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou.” (Rm.8:28-30). “Mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, outrora oculta, a qual Deus preordenou desde a eternidade para nossa glória”. (1Co.2:7) “... nele, digo, no qual fomos também feitos he­rança, predestinados segundo o propósito daquele que faz to­das as coisas, conforme o conselho da sua vontade”. (Ef.1:11). Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas”. (Ef.2:10) “... segundo o poder de Deus, que nos sal­vou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos”. (2Tm.1:8-9) “... sabendo que não foi mediante coisas corruptí­veis, como prata ou ouro que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo, conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifesto no fim dos tempos, por amor de vós”. (1Pe.1:18-20), etc, etc.
Estas passagens e muitas outras que poderiam ser facil­mente acrescentadas, mostram que o Deus todo poderoso tem um plano ou propósito para este universo que é dele. Este pla­no ou propósito foi concebido na eternidade e está sendo exe­cutado no tempo. É um plano sábio porque está de acordo com o conselho de Deus. É um plano bom porque é para a glória de Deus. É um plano eterno porque foi concebido “antes da fundação do mundo”. É um plano poderoso porque ninguém pode anular. É um “plano suficientemente grande para abar­car todo o universo, suficientemente minucioso para se inte­ressar com os mínimos detalhes, e atualizando-se com inevi­tável certeza em cada acontecimento que sucede”. (Dr. Warfield).
    Se Deus é um ser racional e superior, deve ser sábio. Sen­do infinito, deve ser infinitamente sábio. Nenhum ser sábio faria alguma coisa sem um plano bem pensado e bem prepara­do antecipadamente. Um arquiteto, por exemplo, não iniciaria a construção de um edifício sem preparar primeiro a planta do edifício cuidadosamente com todos os seus detalhes. Um gene­ral não daria ordens para o seu exército lutar contra o inimigo, sem antes preparar, com seu estado maior a estratégia para a batalha. Jesus mesmo indicou a sabedoria e a necessidade de fazer plano com antecedência, quando disse: “Pois, qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para concluir. Ou, qual é o rei que, indo para combater outro rei, não se as­senta primeiro para calcular se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil?” (Lc.14:28,31).
Nenhuma dedução a respeito de Deus pode ser mais desonrosa e enganosa do que a suposição de que ele; não é soberano sobre as suas obras, ou que ele não está agindo de acordo com um plano que articula a ordem de sua inteligência infinita. A mente humana poderia imaginar uma situação em que nada tivesse ainda sido criado, quando Deus tinha diante dele uma infinita variedade de planos possíveis para escolher; e que finalmente escolheria o melhor plano divisado pela in­finita sabedoria, consumado pelo infinito poder, e, que seria a suprema satisfação para seu infinito amor.” [5]
Um Deus existente por si próprio, independente, perfeito, imutável, existindo sozinho desde toda a eter­nidade, começou a criar o universo físico e moral no vácuo absoluto; impulsionado a fazer isso, partindo de certos motivos para atingir determinados fins, e de acordo com idéias e planos totalmente emanados de seu interior e de sua iniciativa. Se Deus governa o universo, Ele deve também, como um ser inteligente, governá-lo de acordo com um plano; e, este deve ser perfeito em extensão, alcance e detalhes. Se Ele tem um plano agora, deve ter tido o mesmo plano imutá­vel desde o princípio. Decreto de Deus, por conse­guinte, é o ato de uma pessoa infinita, absoluta, eter­na, imutável e soberana, compreendendo um plano que abrange todas as suas obras, de todas as espécies, grandes e pequenas, desde o começo da criação até a infindável eternidade. Por esta razão ele deve ser incompreensível e não pode ser condicionado por algo exterior a Deus, pois já estava acabado antes que exis­tisse qualquer coisa exterior a ele, e, por isso, abrange e determina todas essas supostas coisas exteriores e to­das as condições delas para sempre.” [6]
Um universo sem decreto seria tão irracional e es­pantoso como um trem viajando na escuridão da noi­te, sem farol e sem maquinista, e sem nenhuma cer­teza de que a qualquer momento poderia precipitar-se no abismo”.[7]
Apesar de algumas pessoas se oporem teoricamente à predestinação, todos nós, em nossa vida diária seguimos praticamente à predestinação. O nosso maior e mais importante empreendimento teve um plano fei­to por nós, de outro modo, nossa obra terminaria em fracasso. Uma pessoa seria considerada mentalmente perturbada se resolvesse construir um navio, ou uma estrada de ferro, ou governar uma nação, sem um plano. Foi-nos contado que antes de Napoleão come­çar a invasão da Rússia, tinha feito um plano bem ela­borado em seus detalhes, mostrando que linha de marcha cada divisão de seu exército devia seguir, onde devia estar em determinado tempo, que equipamento e provisão devia ter, etc. Tudo o que faltou no plano foi devido às limitações da sabedoria e do poder do homem. Tivesse Napoleão uma previsão perfeita e um controle absoluto dos acontecimentos, seu plano, ou como nós poderíamos dizer, sua predestinação te­ria se estendido a cada soldado que executou aquela marcha.” [8]
É Deus menos sábio que Napoleão?
     O homem foi feito à imagem de Deus. Isso significa que o homem é uma espécie de miniatura de Deus. O que o homem é e tem em uma escala limitada, Deus é e tem em uma escala absoluta e infinita (exceto o pecado, que é alguma coisa que o homem adquiriu depois de ser criado por Deus). A inteligên­cia é um dos atributos do homem. Por conseguinte, Deus deve ser infinitamente inteligente e sábio. Como nós temos visto, uma das expressões da inteligência e da sabedoria do homem é que ele, em tudo que faz, prepara um plano e o segue. A conclusão lógica, portanto, é que Deus, sendo infinitamente in­teligente e sábio, deve ter um plano perfeito e compreensivo para toda a sua criação. É este plano que nós chamamos decre­tos de Deus. Por conseguinte, a sabedoria de Deus prove os decretos divinos.
   O dicionário define a palavra soberano como um que “possui suprema autoridade”; que exerce ou possui “suprema ou original jurisdição de poderes”; que não está sujeito a nada. A palavra vem do latim super — acima, e significa literalmente um que está acima dos outros. Deus está acima de cada coisa e de cada criatura. Ele é soberano. Uma boa definição de soberania de Deus é a seguinte: “Soberania de Deus é seu poder e direito de domínio sobre todas as suas criaturas para dispô-las e deter­miná-las, como lhe parece melhor. Este atributo é evidentemen­te demonstrado no sistema da criação, providência e graça; pode ser considerado como absoluto, universal e eterno.” [9] (1)
Soberano é sinônimo de rei, monarca, potentado e impera­dor. Reconhecer a soberania de Deus é, por conseguinte, reconhecer sua realeza. A mais alta concepção que o homem pode ter de autoridade está incorporada na pessoa de um rei. Esta é a concepção bíblica de Deus. “Tua, Senhor, é a grandeza, o poder, a honra, a vitória e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu, Senhor, é o reino, e tu te exaltaste por chefe sobre todos. Riquezas e glória vem de ti, tu dominas sobre tudo, na tua mão há força e poder; contigo está o engran­decer e a tudo dar força.” (1Cr.29:11,12).
Reina o Senhor. Revestiu-se de majestade; de poder se revestiu o Senhor, e se cingiu. Firmou o mundo, que não vacila. Desde a antigüidade está firme o teu trono: tu és desde a eternidade”. (Sl.93:1,2). “Porque o Senhor é o Deus supremo, e o grande rei acima de todos os deuses... Vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemo-nos diante do Senhor que nos criou” (Sl.95:3,6). “Com efeito, eu sei que o Senhor é grande, e que o nosso Deus está acima de todos os deuses. Tudo quanto aprouve ao Senhor, ele o fez, nos céus e na terra, no mar e em todos os abismos” (Sl.135:5,6). “Então ouvi uma como voz de numerosa multidão, como de muitas águas, e como de fortes trovões, di­zendo: Aleluia! pois reina o Senhor nosso Deus, o Todo-Poderoso” (Ap. 19:6).
     Há muitas outras passagens que falam a respeito de Deus como rei e governador, sobre todas as coisas e sobre cada ser que ele criou nos céus e na terra. São tão numerosas porém essas passagens que é impossível citar todas. Elas apresentam Deus reinando com todo poder, bondade e sabedoria. Elas falam dele assentado sobre um alto e sublime trono, como o rei dos reis, Cada criatura no universo tem que se curvar diante dele. Até satanás e os demônios têm que reconhecer sua sobe­rania. Satanás não podia fazer qualquer coisa contra Jó sem sua permissão (Jó.1:9-12; 2:4-6). Reconhecendo Cristo como Deus, os demônios admitiam a possibilidade de serem atormen­tados por ele “antes do tempo”, e de serem por ele mandados imediatamente para o abismo. E eles não podiam entrar nos porcos sem a permissão dele (Mt.8:28,33; Mc.5:1-13; Lc.8:26-33).
Criação implica soberania. Qualquer que acredita em Deus como criador não pode negar sua soberania sobre tudo que Ele fez. Isto é observado na vida diá­ria. Ninguém jamais teve oportunidade de dizer que ia existir antes de existir. A existência lhe foi dada sem que fosse pedido o seu consentimento. Uma mão soberana o introduziu na existência, colocou-o dentro de um torvelinho de experiências, sem possibilidade para interrupção e descanso; e fez isso sem pergun­tar se Ele queria ou não. Nenhum homem jamais es­colheu a data e o lugar do seu nascimento, ou sua na­cionalidade; se nasceria na época ante-diluviana ou no século XX, se nasceria na China ou na América, se seria esquimó ou americano. Nada é mais evidente para o homem racional do que o fato de existir uma soberania dirigindo sua vida”.[10]
Na grande expansão da eternidade que se estende antes de Gn. 1:1, o universo não tinha nascido e a criação existia somente na mente do Criador. Em sua soberana majestade Deus existia sozinho. Nós nos re­ferimos àquele longínquo período antes que os céus e a terra fossem criados. Não havia anjos para entoar hinos de louvor a Deus, nem criatura para ocupar sua atenção, nem rebeldes para serem trazidos em sujei­ção. O grande Deus era a totalidade única no meio do espantoso silêncio de seu próprio vasto universo. Mas, ainda naquele tempo, se é que pode ser chamado tempo, Deus era soberano. Ele podia criar ou não criar, de acordo com o seu beneplácito. Podia criar desta ou daquela maneira; podia criar um mundo ou milhões de mundos; e quem existia para se opor à sua vontade? Ele podia chamar à existência um milhão de criaturas diferentes e colocá-las em igualdade abso­luta, dotando-as com as mesmas faculdades, pondo-as no mesmo ambiente; ou Ele podia criar milhões de criaturas, cada uma diferente da outra, não possuindo nada em comum, exceto a sua condição de criatura, e quem haveria para se opor a esse direito? Se Ele assim desejasse poderia chamar á existência um mundo tão imenso que suas dimensões estariam além da esti­mativa finita. E, se estivesse disposto, poderia criar um organismo tão pequeno que nada, exceto o mais poderoso microscópio poderia revelar sua existência aos olhos humanos. Era seu soberano direito criar, por um lado, o exaltado serafim para queimar ao re­dor do seu trono, e, por outro lado, criar um inseto tão frágil que morre na mesma hora que nasce. Se o po­deroso Deus escolhesse ter uma vasta gradação em seu universo, desde o mais sublime serafim até o réptil que se arrasta, desde os mundos em revolução aos átomos flutuantes, do macrocosmo ao microcosmo, em vez de fazer cada coisa uniforme, quem poderia ques­tionar sua vontade soberana?”. [11] Ver Jó 38:1-21.
Dr. Warfield prova em seu artigo (“Predestinação” Biblical Doctrines, p. 7) que a concepção do Velho Testamento sobre Deus é a de uma pessoa moral, toda poderosa que dirige todo o universo.
Não podemos pensar em Deus senão como um ser que determina tudo o que acontece no mundo, deste mundo que é produto de seu ato criador. A doutrina da providência, que está espalhada em todas as pá­ginas do Velho Testamento sustenta totalmente esta crença. O Todo Poderoso construtor é apresentado também como o irresistível governador de tudo quanto Ele tem feito. Todas as coisas sem exceção estão dispostas por Ele, e sua vontade é a última palavra para tudo o que acontece. Os céus e a terra e tudo o que neles há são instrumentos pelos quais Ele executa seus planos. A natureza, as nações e o destino do indivíduo são, igualmente, em todas as suas mutações, cópia de seu propósito. Os ventos são seus mensageiros, a chama de fogo sua serva, cada ocorrência é seu ato; a prosperidade é seu dom, e, se a calamidade cai sobre o homem é o Senhor que tem feito (Am.3:5,6; Lm. 3:33-38; Is.45:7; Ec.7:14; Is.44:16). É Ele que dirige os passos dos homens, quer eles saibam ou não, quem ergue e derriba; abre e endurece o coração; e, cria os pensamentos e intentos verdadeiros do coração.” [12]
Em uma palavra, a soberania da vontade divina, como princípio de tudo que acontece, é um postulado primário da vida religiosa, como também da visão do mundo como apresentada no Velho Testamento. Ela está implicada na verdadeira idéia de Deus, está den­tro da concepção da relação de Deus com o universo e com tudo que acontece na natureza, na História e no destino dos indivíduos. Ela está também dentro do esquema da religião, seja nacional ou pessoal. Está colocada na base de todas as emoções religiosas e é o fundamento de todo o caráter religioso construído em Israel".[13]
Como o Dr. Charles Hodge mostra, a soberania de Deus é exercida: 1) Estabelecendo as leis físicas e morais que governam suas criaturas; 2) Determinando a natureza e os poderes das diferentes ordens dos seres criados e designando cada um em sua esfera apropriada; 3) Apontando para cada indivíduo sua posição e seu destino; 4) E, também, nas distribuições de seus fa­vores. "porventura não me é lícito fazer o que eu quero do que é meu?” Mt.20:15.
     Em resumo, reconhecer Deus como o supremo soberano do universo, como governador moral do mundo, é admitir sua divindade e seu direito de dispor o que ele criou de acordo com sua vontade e seu plano, é dizer que Ele é na realidade um Deus e não um títere sujeito às circunstâncias que Ele não criou e não pode controlar; não um fantoche que acomoda seus planos às circunstâncias que não dependem dele, mas da vontade livro e dos atos de suas próprias criaturas. A concepção que nós te­mos de Deus, especialmente de acordo com o que aprendemos na Bíblia, obriga-nos a crer que, sendo soberano Ele decretou tudo o que acontece para sua glória e para o bem daqueles que o amam, “daqueles que são chamados segundo o seu propósito”. (Rm.8:28). Ele nunca é derrotado. Ainda quando tudo parece es­tar contra o que Ele planejou, como quando Cristo era rejeitado pelas cidades onde operou a maioria de seus milagres e onde pre­gou a maioria de seus sermões; ainda assim, devemos fazer como Cristo fez naquela ocasião, isto é, deu graças a Deus porque tudo aconteceu de acordo com o seu plano. “Passou, então, Jesus a increpar as cidades nas quais ele operara numerosos milagres, pelo fato de não se terem arrependido: Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom se tivessem operado os milagres que em vós se fizeram, há muito que elas se teriam arrependido com pano de saco e cinza. E, contudo, vos digo: no Dia do Juízo, haverá menos rigor para Tiro e Sidom do que para vós outras. Tu, Cafarnaum, elevar-te-ás, porventura, até ao céu? Descerás até ao inferno; porque, se em Sodoma se tivessem operado os milagres que em ti se fizeram, teria ela permanecido até ao dia de hoje. Digo-vos, porém, que menos rigor haverá, no Dia do Juízo, para com a terra de Sodoma do que para contigo. Por aquele tempo, exclamou Jesus: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado”. (Mt.11:20-26). A morte de Cristo parecia ser uma grande derrota, no entanto, lemos na Bíblia, em re­ferência a essa aparente frustração o seguinte: “Varões israelitas, atendei a estas palavras: Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus diante de vós com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós, como vós mesmos sabeis; sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos”. (At.2:22,23). Ainda quando tudo está tão escuro como num dia de tempestade, nós sabemos que além e acima das nuvens escuras de nossa aflição e perplexidade, o sol da miseri­córdia e do poder de Deus brilha e que, no fim, tudo acontecerá como Ele planejou e determinou para sua glória e nossa felicidade. É claro, portanto, que a soberania de Deus, pressupõe os seus decretos.
Gostaria de concluir esta secção com as seguintes observações do Dr. Charles Hodge:
Não obstante essa soberania ser universal e absoluta, é soberania de sabedoria, santidade e amor. A auto­ridade de Deus não é limitada por nada fora dele mes­mo, mas é controlada em todas as suas manifestações, por suas perfeições infinitas. Esta soberania é a base da paz e da confiança de todo o seu povo. Eles se re­gozijam porque o Senhor Deus Onipotente reina, por­que nem a necessidade, nem o acaso, nem a loucura dos homens, nem a malícia de satanás controla a seqüên­cia dos acontecimentos e os seus resultados finais. Sa­bedoria infinita, amor e poder pertencem ao nosso grande Deus e Salvador, em cujas mãos estão confiados todos os poderes nos céus e na terra”.[14] (1)
     Deus sendo eterno, não há uma seqüência de tempo em suas atividades. Por conseguinte, sua presciência e seus decretos são de fato simultâneos. Existe, no entanto, uma relação lógica nas atividades; de Deus, embora não haja uma relação cronológica. Sendo assim, podemos perguntar: A presciência divina precede ou sucede aos decretos de Deus? Precisamos fazer aqui uma distinção muito importante para responder essa pergunta. Há de fato em Deus duas espécies de conhecimento, uma que logicamente precede, e outra que logicamente sucede aos seus decretos. A primeira é o conhecimento que Ele tem das possibilidades; e a segunda é o seu conhecimento ou antes, sua presciência da certeza dos fatos possíveis. Antes de decretar ou preordenar, Deus deve ter conhecido uma multidão de planos possíveis. Porém de nenhum desses planos possíveis podia haver certeza enquanto ele não decidisse neste sentido.
E com referência a este fato que a “Confissão de Fé” declara:
“Ainda que Deus sabe tudo quanto pode ou há de acontecer em todas as circunstâncias imagináveis, ele não decreta coisa alguma por havê-la previsto como futura, ou como coisa que havia de acontecer em tais e tais condições.” [15]
Na “Confissão” citam-se duas passagens bíblicas que ilustram o conhecimento que Deus teve de possibilidades que nunca chegaram a ser realidades. Em 1Sam.23:11,12, Davi perguntou a Deus, Entregar-me-ão os homens de Queila nas mãos dele? Descerá Saul, como o teu servo ouviu? Ah! Senhor, Deus de Israel, faze-o saber ao teu servo. E disse o Senhor: Descerá. Perguntou-lhe Davi: Entregar-me-ão os homens de Queila, a mim e aos meus servos, nas mãos de Saul? Respondeu o Senhor: Entregarão.” Deus sabia o que aconteceria se Davi ali ficasse. Mas como não estava decretado que tal acontecesse, Davi foi avi­sado e retirou-se, pelo que aquilo jamais se realizou. Em Mat.11:21,23 Cristo disse que se tivesse feito em Tiro, Sidom e Sodoma os prodígios que fizera em Corazim, Betsaida e Cafarnaum, aquelas cidades pagãs ter-se-iam arrependido. Isso é conheci­mento de uma possibilidade que não chegou nunca a se tornar realidade, porque não fora incluída nos decretos de Deus. Este não criou as circunstâncias que teriam resultado no arrependi­mento daquelas cidades pagãs, e assim é claro que Ele não preordenou a conversão delas. Todos os eventos, porém, que Deus conheceu antes ou previu como certos, esses Ele incluiu nos seus decretos, e os previu pela simples razão de havê-los decretado. Reconhecer, pois, que Deus prevê ou conhece de antemão tudo o que acontece é reconhecer que Ele tudo decretou.
Decretar a criação implica em decretar-lhe os resulta­dos previstos... Na eternidade não podia haver ne­nhuma causa da futura existência do universo fora do próprio Deus, visto como nenhum ser existia além dele. Na eternidade Deus previu que a criação do mun­do e o estabelecimento das leis que o regem fariam cer­ta sua história atual, até mesmo nos mais insignifican­tes detalhes. Mas Deus decretou criar e estabelecer es­sas leis. Assim decretando, decretou necessariamente tudo quanto haveria de acontecer. Por fim, Ele previu os acontecimentos futuros, do universo, como certos, porque decretou criar; porém tal determinação de criar envolveu também a determinação de todos os resulta dos atuais dessa criação ou, em outros termos, Deus decretou esses resultados”.[16]
O conhecimento de um plano como ideal ou possível pode preceder ao decreto; mas o conhecimento de um plano como real ou decidido deve seguir-se ao decre­to... Deus portanto prevê a criação, as causas, as leis, os acontecimentos, as conseqüências porque decretou a criação, as causas, as leis, os acontecimentos, as con­seqüências; isto é, porque Ele incluiu tudo isso em seu plano. A negação dos decretos envolve logicamente a negação da presciência que Deus tem das livres ações humanas; a isto são levados de fato os socinianos e al­guns arminianos... Deus conheceu as livres ações hu­manas como possíveis, antes de decretá-las; conheceu-as como futuras, haveriam de acontecer, porque as de­cretou... Quando digo, “Sei o que vou fazer”, é evi­dente que antes já tomei uma resolução; esse meu sa­ber não precede a resolução, mas vem depois dela e nela se baseia... Existem pois duas espécies de conhe­cimento divino: 1. conhecimento do que pode acontecer — do possível (scientia simplicis intelligentiae); 2. conhecimento do que há e do que vai acontecer, porque Deus o decretou (scientia vísionis). Entre essas duas, o jesuíta espanhol Molina concebeu erroneamente uma outra, a saber, um conhecimento intermediário do que haveria de acontecer, embora Deus não o decretasse (scientia media). Seria este naturalmente um conheci­mento que Deus fizesse derivar não de si mesmo, mas de suas criaturas! Mas decretar criar, quando Ele prevê que certos atos livres dos homens virão depois, é de­cretar tais atos livres no único sentido em que empre­gamos a palavra decreto, a saber, tornar certo, ou abranger em seu plano. Nenhum arminiano, que creia na presciência que Deus tem das livres ações humanas, tem boa razão para negar os decretos de Deus, expli­cados assim".[17]
Mas, como harmonizar a presciência de Deus neste sentido, isto é, como resultado de seus decretos, com a responsabilidade do homem? Por causa desta dificuldade, os socinianos não admitem que Deus conheça de antemão as ações livres e contingentes dos homens, e assim negam de fato a onisciência divina. Os arminianos, no entanto, reconhecem que Deus prevê como certas as livres ações do homem, sem decretá-las, embora as inclua no seu plano. Mas se Deus viu antes que certa pessoa, criada em determinado tempo e lugar e colocada em certas circunstâncias, agiria de certo modo, e apesar disso a criou exatamente em tais circunstâncias, não é que Ele decretou que essa pessoa agisse desse modo? Entretanto, Deus não será responsável pelos atos dessa pessoa, porque esta age livremente, espontaneamente, de acordo com sua própria natureza e suas inclinações. Deus não a compele a fazer coisa alguma — a pessoa age por si mesma. Por que o povo de Queila não cometeu o crime de entregar Davi a Saul? Porque Deus avisou a Davi, de modo a desaparecerem as circunstâncias que a eles teriam sido favoráveis para a perpetração do delito. Suponha-se que Deus não tivesse avisado a Davi, que teria acontecido? Tê-lo-iam entregue a Saul. Isto provaria que Deus decretara que eles agissem dessa maneira, criando as cir­cunstâncias que iam resultar naquele ato. Podemos dizer que Deus seria responsável pelo que fizessem com Davi? Não abso­lutamente. Eles é que seriam responsáveis pelo que fizessem, apesar de estar isso incluído nos decretos de Deus. O mesmo po­demos dizer dos irmãos de José, e também de Judas e de todos quantos contribuíram para a crucificação de Cristo. Cometeram um crime, agiram livremente nisso, foram acusados por sua pró­pria consciência. Nada obstante, seus atos pecaminosos foram incluídos nos decretos de Deus e, por isso, foram conhecidos de antemão.
Disse José a seus irmãos: Agora, chegai-vos a mim... Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos irriteis contra vós mesmos, por me haverdes vendido para aqui; porque para con­servação da vida, Deus me enviou adiante de vós... Deus me enviou adiante de vós, para conservar vossa sucessão na terra, e para vos preservar a vida por um grande livramento. Assim, não fostes vós que me enviastes para cá e, sim, Deus. (Gen.45: 4-8). “O Filho do homem vai, como está escrito a seu res­peito, mas, ai daquele por intermédio de quem o Filho do ho­mem está sendo traído!” (Mat.26:24; cf. Jó.17:12). “Porque verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, Herodes e Pôncio Pilatos, com gentios e povos de Israel, para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram”. (At.4:27,28).
Os arminianos mostram muita reverência pelas perfeições de Deus a ponto de limitarem o conhecimento dele quanto às ações de agentes livres. Mas esforçam-se por fugir à conclusão inevitável do decreto e por salvar sua doutrina favorita dos propósitos condicio­nais, limitando o interesse divino pelos atos, e espe­cialmente pelos pecados, de agentes livres, a simples conhecimento prévio, permissão e intenção de fazer do ato permitido uma condição de alguma parte do decreto. Sustento que aqueles que concedem tanto não podem consistentemente parar aí. Se o ato peca­minoso (para fazer o mínimo possível de concessão aos calvinistas) do agente livre foi previsto com certeza por Deus desde a eternidade, então sua ocorrência deve ser certa. Contudo neste universo nada acontece sem uma causa; deve pois haver algum fundamento para a certeza dessa ocorrência. E é nesse fundamento que assenta a presciência de Deus. Perguntais que funda­mento é esse? Respondo com uma pergunta: Como pode o conhecimento que Deus tem do possível passar para o seu conhecimento do real? Somente pela sua determinação de assegurar a ocorrência deste último. Conceba-se Deus a criar um agente livre, de acordo com o seu plano, e a lançá-lo aí em liberdade. Se Deus conhece de antemão tudo o que esse agente livre vai resolver fazer, se for criado, acaso não pro­põe a realização desses atos, quando cria esse agente? Negá-lo é uma contradição. Podemos não ser capa­zes de ver perfeitamente como é que Deus consegue com certeza a prática desses atos por agentes livres, e ainda deixando-os agir unicamente pela própria vontade deles (espontaneamente), mas o que não po­demos é negar que Ele o faz. Do contrário teríamos a subversão de sua soberania e presciência. Com re­lação ao homem tais acontecimentos podem ser de todo contingentes, duvidosos, eventuais; mas quanto a Deus, nenhum deles pode ser contingente; de outro modo, todas as partes do seu decreto' ligadas, como efeitos, com tais eventos como causas, seriam contin­gentes no mesmo grau”.[18]
Os arminianos admitem que todos estes atos interme­diários dos homens foram previstos eternamente por Deus, e assim foram incluídos no seu plano como con­dições: mas não foram preordenados. Replicamos: se foram previstos com certeza, sua ocorrência era cer­ta; se esta era certa, então alguma coisa devia haver que determinasse tal certeza. Essa alguma coisa ou era a sábia preordenação de Deus, ou um fado, desti­no, cego e físico. Os arminianos que escolham”.[19] (1)
   Em conclusão, sendo onisciente. Deus sabe tudo o que pode acontecer, inclusive os atos de agentes livres. E sendo onipo­tente, só aquilo que Ele faz ou permite que se faça pode ocor­rer. Por conseqüência, tudo quanto Deus previu foi por Ele decretado. Concluímos, assim, que a presciência de Deus pro­va os seus decretos.

Fonte: Predestinação – Tese apresentada ao “Union Theological Seminary”, Richmond, Va., E.U.A. em abril de 1947, em cumprimento de parte dos requisitos para a colação do grau de Mestre em Teologia, PELO Rev. SAMUEL DE VASCONCELOS FALCÃO do Seminário Presbiteriano do Norte Recife - Pernambuco – Brasil – 1981.




[1] A. A. Hodge, Outlines of  Theo.,  p. 214.
[2] Confissão de Fé. cap. III. § I.
[3] A. A. Hodge, Outlines of  Theo.,  p. 200.
[4] Benjamin B. Warfield, Biblical Doctrines,  art.  Predestination” p.7.
[5] L. S.  Chafer, Biblío. Sacra, XC, 138, 139.
[6] A. A.  Hodge, op. cit„ p.  201.
[7] A. J. Gordon, apud L.  Boettner, The Reformed Doctrine of Predestination, p. 21.
[8] Lorraine Boettner, op. cit., pp.20, 21.
[9] M’clintook  and  Strong,  Cyclopedia,  Sovereignty”.
[10] David Clark, A Syll. of  Syst. Theo., p.94
[11] Arthur Pink, The Sovereignty of God, pp. 35, 38.
[12] B. B. Warfield, op. cit., pp. 8, 9
[13] B. B. Warfield, op. cit., pp. 12, 13
[14] Charles Hodge, op.  cit., I, 441
[15] Confissão de Fé de Westminster, Cap.III, parag. II
[16] A. H. Strong, Systematic Theology, pg. 356.
[17] A. H. Strong, Systematic Theology, pgs. 357, 358
[18] R. L. Dabney, Systematic and Polemic Theo. pgs.  217-218.
[19] R. L. Dabney, Systematic and Polemic Theo. pg.  219.

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