quarta-feira, 14 de setembro de 2011

QUE É A IGREJA?



Por J. C. Ryle

Grande é este mistério: digo-o, po­rém, a respeito de Cristo e da Igreja” (Ef 5.32).

Não há assunto algum, em matéria de religião, que seja tão mal entendido como este: A Igreja.
Provavelmente, nada há que tenha feito tanto mal aos cristãos professos, como o mal entendido a respei­to deste ponto.
Não há palavra que tenha sido usada com tanta variedade de sentidos, como a palavra "Igreja". É pa­lavra que ouvimos constantemente, e não podemos dei­xar de observar que as pessoas a empregam em senti­dos diferentes. O inglês bem educado, quando fala de "Igreja", quê quer ele dizer? Geralmente se refere à Igreja Episcopal estabelecida em seu país. O Católico Romano, quando fala em "Igreja", quê quer ele signi­ficar? Quer dizer Igreja Romana, acrescentando que não há igreja verdadeira no mundo, além dela. Quando o dissidente fala de "Igreja", quê quer ele dizer? Re­fere-se, com esta palavra, aos comungantes da capela de que é membro. Os membros da Igreja da Inglaterra também falam da "Igreja". Quê querem eles dizer? Uns querem dizer o edifício em que prestam culto a Deus, aos domingos; outros referem-se ao clero, pois quando alguém é ordenado costuma dizer-se que "entrou para a Igreja"; outros têm vagas idéias a respeito do que costuma chamar de sucessão apostólica, dando a entender com isto, misteriosamente, que a Igreja é composta de cristão governados unicamente por bispos.
Não há o que dizer contra tudo isso. São fatos presentes e notórios, e todos eles concorrem para explicar a asserção que fizemos no início destas considerações: Não há assunto tão mal entendido como o que trata da "Igreja".
Leitor, creio que, presentemente, é da maior importância ter idéias claras a respeito da "Igreja". Creio que a falta da correta compreensão deste assunto é uma das grandes causas dos erros religiosos em que muitos caem. Desejo chamar a sua atenção para aquele grande e principal sentido em que a palavra "Igreja" é empregada no Novo Testamento.
Quero dissipar a névoa em que, em tantos espíritos, este assunto está envolvido. Com verdade falou o bispo Jewell, o reformador, quando disse: "Os inimigos da verdade ensinam muita doutrina falsa debaixo do nome da santa igreja, porque nunca houve nada até hoje tão absurdo ou tão perverso, que não fosse fácil defender sob o nome da Igreja” (Jewell’s Apol., XX).
I.      Deixe-me então mostrar-lhe, em primeiro lugar, qual é a verdadeira Igreja fora da qual ninguém pode salvar-se.
II.     Deixe-me mostrar-lhe, em segundo lugar, qual a posição e a responsabilidade de toda a Igreja Visível que se diz cristã.
III. Deixe-me dar-lhe, em terceiro lugar, alguns conselhos e avisos extraídos deste assunto, que são úteis para a época em que vivemos.
I. A verdadeira Igreja fora da qual ninguém pode salvar-se. Há realmente uma Igreja fora da qual não há salvação, uma Igreja a que o homem deve pertencer se não quiser perder-se por toda a eternidade. Expo­nho-lhe isto sem hesitação ou reserva. Digo-o com tan­ta confiança e certeza, como o mais forte defensor da Igreja de Roma o pode fazer. Mas, qual é esta Igreja? Onde está ela? Por que sinais esta Igreja deve ser co­nhecida. Eis a grande questão!
A verdadeira Igreja está bem descrita no serviço de comunhão da Igreja da Inglaterra, "como o corpo místico de Cristo, que é a companhia bendita de todo o povo fiel". É composta de todos os crentes em Je­sus Cristo. É formada por todos os eleitos de Deus, por todos os homens e mulheres convertidos — por todos os verdadeiros cristãos nos quais podemos distinguir a eleição de Deus, o Pai, a purificação pelo sangue de Deus, o Filho, e a santificação de Deus, o Espírito. Em tais pessoas podemos ver os membros da verdadeira Igreja de Cristo.
É uma Igreja em que todos os membros têm os mesmos sinais. São todos renascidos do Espírito San­to. Todos devem ter “arrependimento para com Deus, fé em nosso Senhor Jesus Cristo e santidade de vida e de conversação”. Todos odeiam o pecado e amam a Cristo. Adoram a Deus de diferentes modos e formas variadas; alguns com livros de orações, outros sem eles; uns de joelho, outros de pé: Mas todos com um coração igualmente sincero. São todos guiados pelo mesmo Espírito; todos edificam sobre o mesmo alicer­ce; todos tiram a sua religião do mesmo único livro;
todos se reúnem no mesmo centro — que é Cristo! Todos podem, mesmo já, dizer: Aleluia! E podem res­ponder com um coração igualmente crente e uma voz unânime: "Amém, amém".
É uma Igreja que não depende dos ministros cá da terra, ainda que aprecie muito aqueles que pregam o Evangelho. A vida espiritual de seus membros não de­pende do fato de se filiarem a uma Igreja, nem do Batismo e Ceia do Senhor, não obstante darem gran­de valor a estes Sacramentos cada vez que são ce­lebrados.
Mas esta Igreja tem um Cabeça principal, um Pas­tor, um Bispo, que é Jesus Cristo. Só Ele, pelo seu Es­pírito, admite os membros desta Igreja, ainda que são os ministros que mostram a porta. Enquanto Ele não abrir a porta, ninguém aqui no mundo pode abri-la: Nem bispos, nem presbíteros, nem reuniões, nem sínodos e nem concílios. Quando o homem se arrepende e crê no Evangelho, nesse mesmo momento torna-se mem­bro desta Igreja. Como o ladrão arrependido, pode não ter ocasião de ser batizado, mas tem aquilo que é muito melhor do que o batismo da água: O Batismo do Espírito Santo. Talvez não possa receber o pão e o vinho na Ceia do Senhor, mas pode, por meio da fé, alimentar-se de Cristo todos os dias de sua vida, e nenhum ministro, na terra, pode privá-lo disto. Ele po­de, por injustiça, ser excluído por aqueles que são or­denados, e privado dos privilégios da Igreja. Porém, nem todos os sacerdotes do mundo inteiro podem ex­clui-lo da verdadeira Igreja. A existência desta Igreja não depende de formas nem de cerimônias, de cate­drais ou templos, de púlpitos ou pias batismais, de ves­timentas ou órgãos, de dotes, dinheiro, reis, governos, magistrados, de ato ou favor, qualquer que seja, da mão do homem. Ela sempre permaneceu, quando tudo isto lhe foi tirado. Foi muitas vezes lançada no deserto ou em covas e cavernas da terra, por aqueles que de­viam ser seus amigos. Mas a sua existência não de­pende de coisa alguma, além da presença de Cristo e de seu Espírito e, enquanto estes nela permanece­rem, a Igreja não pode deixar de existir.
Esta é a Igreja a que especialmente pertencem, por direito, as honras e privilégios presentes e as pro­messas da glória futura. Esta é o Corpo de Cristo, a Esposa do Cordeiro, o Rebanho de Cristo, os domésti­cos da fé e a família de Deus. Esta que é o edifício de Deus, a fundação de Deus e o Templo do Espírito San­to. Esta é a Igreja dos primogênitos cujos nomes estão escritos no céu (1Pe.2:9). Ela é “a geração eleita, o sacerdó­cio real, a nação santa, o povo adquirido”; é a luz do mundo, o sal e o pão da terra. Esta é a Santa Igre­ja Católica de que fala o Credo dos Apóstolos. Esta é a única Igreja católica e apostólica do Credo de Nicéia.
Foi a esta Igreja que Cristo fez a promessa de que as “portas do inferno” não prevaleceriam contra ela. Foi a ela também que Ele disse: “Eis que estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mt 16.18 e 28.20). Esta é a única Igreja que possui a verdadeira união. Seus membros estão perfeitamen­te de acordo com os pontos mais importantes da re­ligião, porque são todos ensinados pelo mesmo Espí­rito a respeito de Deus, de Cristo, do Espírito Santo, do pecado e de seus corações. O mesmo Espírito os ensina a respeito da fé, do arrependimento, da necessi­dade de santificação, do valor da Bíblia, da importância da oração, da ressurreição e do julgamento futuro. Eles compreendem todos estes pontos do mesmo modo. Convidai três ou quatro deles, dos países mais remo­tos da terra, completamente estranhos uns aos outros, e examinai-os separadamente sobre estes pontos, e achá-los-eis todos de perfeito acordo.
Esta é a única Igreja que possui verdadeira santi­dade. Seus membros são todos santos. Santos não me­ramente por terem professado a religião, ou santos no nome, ou no sentido de exercerem a caridade. Mas santos em ações e obras, em vida, realidade e verda­de. São todos mais ou menos conforme à imagem de Jesus Cristo; todos mais ou menos semelhantes ao grande Chefe.
Esta é a única Igreja verdadeiramente católica. Não a Igreja de uma certa nação ou povo: Seus membros encontram-se por toda parte, no mundo onde o Evan­gelho é recebido e crido. Não se encerra dentro dos limites de qualquer país, em formas particulares ou em regras de governo.
Nesta Igreja não há diferença entre judeu e grego, preto e branco, episcopal e presbiteriano, mas a fé em Jesus Cristo é que é tudo. Seus membros virão reu­nir-se do norte, do sul, do oriente e do ocidente, no último dia, e serão de todas as nações, nomes e rei­nos e povos e línguas, mas todos serão um em Jesus Cristo.
Esta é a única Igreja verdadeiramente apostólica, pois foi edificada sobre o fundamento dos apóstolos e guarda a doutrina que eles pregaram. Os dois grandes pontos que seus membros conservam sempre diante dos olhos, são a fé apostólica e a prática apostólica. E a todo homem que tala em seguir os apóstolos, sem possuir estas duas coisas, consideram eles como o metal que soa ou o sino que tine.
Esta é a única Igreja que, certamente, há de exis­tir até o fim. Coisa alguma poderá arruiná-la ou destrui-la. Seus membros podem ser perseguidos, oprimidos, encarcerados, açoitados, degolados ou queimados, mas a verdadeira Igreja nunca se extinguirá. Sai de suas aflições, e vive como que através do fogo e da água. Quando esmagada numa terra, floresce noutra. Os Fa­raós, os Herodes, os Neros, os Julianos, os Dioclecianos, Maria, a sanguinária, Carlos IX, em fim, todos tra­balharam em vão para destrui-la. Mataram milhares, mas também eles desapareceram da face da terra. A verdadeira Igreja, no entanto, sobreviveu-lhes. Assis­tiu ao sepultamento de cada um deles. É, na verdade, uma bigorna que tem quebrado muitos martelos nes­te mundo. É uma sarça que arde e, contudo, não se consome.
Esta é a única Igreja da qual nenhum membro pode perecer. Os pecadores alistados no rol desta Igreja serão eternamente salvos e nunca serão lança­dos fora.
A eleição de Deus, o Pai; a contínua intercessão de Deus, o Filho; a diária renovação e santificação de Deus, o Espírito Santo, cercam e guardam os salvos como num jardim fechado. Nem um só osso do Corpo Místico de Cristo será quebrado. Nem um só cordeiro do rebanho de Cristo será arrancado de Suas mãos. Esta é a Igreja que continua a obra de Deus sobre a terra. Seus membros são um pequeno rebanho, pouco em número, comparativamente com o povo do mundo: Um ou dois aqui; dois ou três ali; uns nesta paróquia; outros naquela além. Mas são estes que abalam o Uni­verso. São estes que removem reinos com suas ora­ções. São estes os membros ativos que espalham o conhecimento da religião pura e sem mácula. Eles é que são a conservação do país — o escudo, a defesa, o esteio e a segurança da nação a que pertencem!
Esta é a Igreja que há de ser verdadeiramente glo­riosa no último dia. Quando todas as glórias terrestres desaparecerem, então esta Igreja será apresentada sem mácula diante do trono de Deus, Pai. Tronos, principados, poderes da terra, tudo será desfeito. Dignidades, empregos e riquezas desaparecerão. Mas a Igreja do Primogênito brilhará no último dia como as estrelas, e será apresentada com júbilo diante do trono do Pai, no dia em que Cristo aparecer. Quando as jóias do Senhor forem reunidas, e tiver lugar a manifestação dos filhos de Deus, não se falará nem em episcopais nem em presbiterianos. Uma única Igreja será nomea­da: A Igreja dos Eleitos!
É para esta Igreja que o verdadeiro ministro do Evangelho de Jesus Cristo principalmente trabalha. De que serve ao verdadeiro ministro que se encha a casa onde ele prega? De que serve a ele ver crescer o número de comungantes ou aumentar a congregação? Tudo isto é nada! O que ele deseja é ver homens e mulhe­res renascidos, almas convertidas e sujeitas a Cristo! O que ele quer, é ver uns aqui, outros ali, retirando-se do mundo, tomando a sua cruz e seguindo a Cristo e, desta forma, aumentando o número de membros da ver­dadeira Igreja.
Leitor, esta é a Igreja a que o homem deve per­tencer, se quer ser salvo. Enquanto você não perten­cer a esta Igreja, não será mais do que uma alma per­dida. Você poderá ter a aparência de religioso, isto é, poderá ser religioso na casca, na pele e, contudo, não ter obtido a substância da vida. Sim: Você poderá ter inumeráveis privilégios, poderá gozar dos benefícios da luz e do conhecimento, poderá ter grandes oportu­nidades! Mas, se não pertencer de fato ao Corpo de Cristo, nada disto o salvará! Ai de nós, por causa da ignorância que existe sobre este ponto! O homem ima­gina que, pertencendo a esta ou àquela Igreja — e tor­nando-se comungante em qualquer delas, observando certas fórmulas —, tudo estará bem com relação à sua alma. Isto é uma total ilusão e grande erro! Nem to­dos os que tinham o nome de Israel eram israelitas; nem todos os que professam ser cristãos, são mem­bros do Corpo de Cristo! Preste atenção: Você pode ser um firme episcopal, presbiterano, independente ou batista e, contudo, não pertencer à verdadeira Igreja. Se é assim, seria melhor que você nunca houvesse nascido!
II. Deixe-me passar agora ao segundo ponto. Que­ro explicar-lhe qual é a posição e o valor de todas as igrejas visíveis. Ninguém que lê a Bíblia com atenção, deixará de observar que, no Novo Testamento, se fala de diferentes Igrejas: A de Corinto, a de Éfeso, a de Tessalônica, a de Esmirna, a de Sardes, a de Laodicéia e outras muitas. Em cada uma delas achamos uma cor­poração diferente de cristãos professos ou, seja, uma corporação de pessoas batizadas em nome de Cristo e professando a fé do Evangelho. Vemos que se fala des­tas corporações como de Igrejas destes lugares. Assim, São Paulo diz aos coríntios: “... mas nós não temos tal costume, nem as Igrejas de Deus” (I Co 11.16). Também se fala das Igrejas da Judéia, da Síria, da Ga- lácia, das Igrejas da Ásia e da Macedônia. De cada uma delas se fala como de uma corporação de cris­tãos batizados nestes países.
Pouco nos diz o Novo Testamento a respeito des­tas Igrejas, porém, este pouco é claro o bastante.
Sabemos que estas Igrejas eram mistas. Não con­sistiam só de convertidos. Havia não somente crentes, mas membros que caíam em grandes pecados e erros, tanto em questões de fé como em obras. Isto está bem claro no que vemos escrito com respeito às Igrejas de Corinto, Éfeso e Sardes. Na de Sardes, o Senhor mesmo diz que havia “alguns”, somente “alguns” que não tinham contaminado os seus vestidos” (Ap 3.4).
Sabemos que, mesmo no tempo dos apóstolos, as Igrejas eram avisadas de que podiam ser destruídas. O aviso aos romanos é: “Doutra maneira, também tu serás cortado”; aos efésios foi de que o Senhor retira­ria “do seu lugar” o seu “castiçal” se ela “não se arre­pendesse”; aos laodicenses, foi de que seriam “rejei­tados” (Rm 11 .22; A 2.5 e 3.16).
Sabemos que em todas estas Igrejas havia culto público, pregação e leitura das Escrituras Sagradas, oração, louvor, ordem, governo, ministros e sacramen­tos. Que espécie de governo tinham alguma destas Igrejas, não podemos dizer. Vemos que tinham funcio­nários a quem chamavam anjos, bispos, diáconos, pas­tores, mestres ajudantes e governadores (I Co 12.28; Ef 4.11; Fl 1.1; I Tm 3; Ap. 1.20).
Todos estes nomes são mencionados, mas não te­mos explicação com respeito à maior parte destes mis­teres. Com respeito à doutrina das Igrejas, temos uma explicação distinta e completa. Sobre este ponto, o Novo Testamento é bastante claro. Porém, com respei­to ao governo e cerimônias, temos poucos esclareci­mentos. O contraste que há entre as Igrejas do Velho e do Novo Testamento, com respeito a este ponto, é muito grande. Numa, encontramos pouco com respeito à doutrina, mas muito com respeito às cerimônias e regras; noutra, pelo contrário, temos muita explicação com respeito à doutrina, e pouca com respeito às ceri­mônias. No Velho Testamento, dão-se orientações mais minuciosas com respeito ao modo por que deviam ser feitas todas as partes das cerimônias religiosas, na Igreja. No Novo Testamento, achamos as cerimônias completamente abolidas, por não haver mais necessi­dade delas depois da morte de Cristo, e nada agora supre o seu lugar a não ser alguns princípios ou re­gras gerais. As Igrejas do Novo Testamento parece não precisarem do Livro de Levítico. Os dois princípios mais importantes do Novo Testamento parecem ser: ". .. faça-se tudo para a edificação", "mas faça-se tudo decen­temente e com ordem" (I Co 14.26,40). Porém, com respeito ao uso destes princípios ou regras gerais, pa­rece ter sido deixado a cada Igreja em particular para decidir.
Sabemos, finalmente, que a obra começada pela pregação missionária dos apóstolos foi continuada por meio das Igrejas.
Era por suas reuniões públicas que Deus conver­tia pecadores e os santificava. Mistas e imperfeitas como eram estas Igrejas, nelas se encontravam quase todos os crentes existentes e membros do Corpo de Cristo. No Novo Testamento, tudo nos faz supor que havia poucos crentes, se alguns havia, que não fossem membros de uma ou de outra destas Igrejas, que pro­fessavam o Cristianismo. Tal é todo o conhecimento que podemos obter do Novo Testamento com respeito às Igrejas visíveis nos tempos apostólicos. Como usa­remos nós deste conhecimento? Que diremos de todas as Igrejas visíveis, nesta época? Atualmente, há mui­tas Igrejas: A da Inglaterra, a da Escócia, a da Irlanda, a de Roma, a Igreja Grega, a Luterana, a da Armênia, a da Síria, a de Gênova e muitas outras. Temos a Igre­ja Episcopal, a Presbiteriana, a Independente, etc. De que modo falaremos de cada uma delas?
Deixe-me dar-lhe algumas instruções a este respei­to, e depois terminarei.
Antes de tudo, nenhuma Igreja visível sobre a ter­ra tem o direito de dizer: "Sou a Igreja verdadeira, e todo aquele que não pertencer a esta comunidade, não pode salvar-se". Nenhuma Igreja, qualquer que seja ela, tem o direito de dizer isto: Seja a de Roma ou a da Escócia, a da Inglaterra ou a Episcopal, a Presbiteriana ou a Independente. Qual o texto da Bíblia que assegu­ra admissão, ao reino de Deus, só aos membros de uma certa Igreja visível? Digo com a maior certeza: Nenhum!
Nenhuma Igreja visível pode dizer: "Só nós é que usamos a verdadeira forma de adorar a Deus; só nós temos o verdadeiro governo de Igreja, a verdadeira for­ma de ministrar os sacramentos, e de dirigir a Deus orações em união. Todos os outros estão completa­mente enganados". Nenhuma Igreja, repito, tem o di­reito de dizer isto ou coisa parecida.
Como se poderia provar pela Escritura uma tal asserção? Que revelação clara e positiva tem o homem para provar isso? Posso afirmar que não tem nenhuma! Não há nenhum texto na Bíblia que ordene, expressa­mente, às Igrejas uma forma especial de governo e proíba qualquer outra. Se houver, gostaria que m'o mostrassem! Não há um só texto que obrigue os cris­tãos, expressamente, a observarem uma certa liturgia ou orações rituais. Se existe algum, apontem-no! E, não obstante este fato, episcopais, presbiterianos, indepen­dentes e batistas têm guerreado uns contra os outros há centenas de anos, como se estas coisas tivessem sido estabelecidas tão minuciosamente quanto as ceri­mônias levíticas, e como se todo aquele que não vê as coisas do mesmo modo fosse criminoso de pecado quase mortal. É para lastimar que, em matéria desta natureza, o homem não fique inteiramente satisfeito com a persuasão de que a razão está de seu lado, mas condene todos aqueles que não concordam com as mes­mas idéias, como se incorressem em completo erro. E, contudo, esta teoria sem fundamento de que Deus deu uma regra especial para o governo e cerimônias da Igreja, tem causado divergência entre os homens que deviam viver em união, e tem feito com que, mesmo os bons, falem e escrevam de uma maneira imprópria. Isto tem sido a fonte de incessante discórdia, intole­rância e superstição para os homens de todos os par­tidos — mesmo entre os protestantes — desde os tempos de Cartwright, Travers e Laud, até os nossos dias.
Ainda digo mais: Nenhuma Igreja visível aqui da terra tem o direito de dizer: "Nós nunca cairemos. Ha­vemos de permanecer sempre".
Não há promessas na Bíblia que assegurem a exis­tência contínua de Igreja alguma sobre a face da terra. Muitas têm caído completamente e muitas já desapa­receram. Onde estão as Igrejas da África em que Agos­tinho e Cipriano costumavam pregar? Onde se encon­tram as Igrejas da Ásia Menor, de muitas das quais fala o Novo Testamento? Todas se acabaram, desapare­ceram sem ao menos deixar vestígios. Outras das que existem estão tão corrompidas, que é nosso dever deixá-las, para não nos tornarmos participantes de seus pecados e termos o nosso quinhão nos seus castigos.
Avanço ainda mais: Nenhuma Igreja visível está num estado tão perfeito, que não tenha as manchas que vemos em todas as Igrejas do Novo Testamento.
Uma Igreja em que a Bíblia não seja o estandarte de fé e prática — em que o arrependimento, a fé e a santidade não sejam postas como essenciais à salva­ção —, uma Igreja em que as formas cerimoniais e as regras não ordenadas na Bíblia, sejam as coisas para as quais se peça mais atenção de seus membros, uma tal Igreja está infeccionada e num estado não satisfa­tório. Pode ser que não negue formalmente os artigos da fé cristã — e tenha sido formada primitivamente pelos apóstolos —, uma tal Igreja pode ufanar-se de que é católica. Porém, se os apóstolos ressuscitassem agora dentre os mortos e visitassem esta Igreja, creio bem que lhe ordenariam o arrependimento, e não te­riam, até então, comunhão com ela.
Mais uma palavra: O pertencer meramente a qual­quer Igreja visível não valerá ao homem coisa alguma "na hora da morte e no dia do juízo". A comunhão com uma Igreja visível não será colocada no lugar da co­munhão pessoal com Jesus. O cumprimento de seus preceitos, quaisquer que sejam eles, não servirá de substituto à fé e às conversões pessoais. Quando você e eu reclinarmos na almofada a cabeça já moribunda, que consolação teremos se não pudermos dizer nada mais do que: "Temos pertencido a uma Igreja pura?" Naquele grande e último dia, quando os segredos de todos os corações forem revelados, que nos dirá Cris­to, se somente pudermos dizer que demos culto a Deus na Igreja em que fomos batizados, e que guardamos os preceitos dessa Igreja?
E agora, leitor, deixe-me dizer-lhe qual é a grande utilidade das Igrejas visíveis e o fim para o qual Deus as estabeleceu e conserva sobre a terra. Elas são úteis como testemunhas, guardas e bibliotecas das Escritu­ras Sagradas, e mantêm uma sucessão regular de mi­nistros para pregarem o Evangelho. São também úteis para conservar a ordem entre os cristãos professos. O seu grande e principal fim, porém, é educar, instruir, nutrir e reunir os membros dessa verdadeira Igreja, que é o Corpo de Jesus Cristo. Seu fim é "edificar o Corpo de Cristo" (Ef 4.12). Qual é a melhor Igreja visível so­bre a terra? É aquela que acrescenta mais membros à única Igreja verdadeira, que mais promove o arrepen­dimento para com Deus, a fé em Jesus Cristo e as boas obras entre seus membros. Estes são os verdadeiros sinais e provas de uma Igreja realmente boa e flores­cente. À Igreja com evidências desta ordem quero eu pertencer. Qual é a pior Igreja? É aquela que tem me­nos membros da única verdadeira Igreja, nos seus ban­cos. Tal Igreja pode ter excelente ordem, regras puras, costumes respeitáveis, instituições antiquíssimas. Po­rém, se não pode mostrar fé, arrependimento e santi­dade no coração e na vida de seus membros, ela é, na verdade, uma fraca Igreja.
As Igrejas sobre a terra são julgadas "pelos seus frutos", assim como os cristãos, individualmente.
Leitor, aconselho-o sinceramente a procurar enten­der estas coisas. Esforce-se para compreender, por um lado, que uma Igreja visível é necessária, é uma coisa segundo a vontade de Deus. Não é, como alguns presentemente dizem, mera invenção humana, uma coi­sa de que Deus não fale em sua Palavra. Admiro-me de que alguém que lê o Novo Testamento, possa dizer que as Igrejas visíveis não são autorizadas por Deus na Bíblia. Por outro lado, procure entender que mais alguma coisa é necessária para o homem entrar no céu, além de pertencer a esta ou àquela Igreja. Você já re­nasceu? Já se arrependeu do seu pecado? Você está seguro em Cristo por meio da fé? Você é uma criatura santa na vida e no modo de falar? Estes são os pon­tos importantes que o homem deve buscar. Sem estas coisas, a pessoa mais recatada na vida e o membro mais regular em atender a qualquer Igreja visível, esta­rá perdido naquele grande e último dia.
As Igrejas visíveis, com suas cerimônias e precei­tos, são para a verdadeira Igreja o que a casca é para o fruto da avelã. Tanto o miolo como a casca deste fru­to crescem juntamente, um porém, é muito mais pre­cioso do que o outro. Do mesmo modo, a verdadeira Igreja é muito mais preciosa do que a Igreja visível. A casca é útil ao fruto: Abriga-o e fá-lo crescer livre de qualquer dano. Assim, serve a Igreja visível para o Cor­po Místico de Cristo. É dentro de seus muros e sob seus preceitos que geralmente renascem os crentes, e renascem na fé, na esperança e na caridade. A casca é completamente inútil sem o fruto. Do mesmo modo é a Igreja visível; porém, ela guarda e abriga os fiéis. A casca morre, mas o miolo não, porque tem vida em si. Assim há de ser com as cerimônias e regras da Igre­ja visível: Tudo desaparecerá, porém, fica o miolo, aque­la parte que pertence à Igreja verdadeira e há de vi­ver para sempre. Querer o miolo do fruto, sem a casca, é querer aquilo que é contra as leis da natureza.
Esperar encontrar membros da verdadeira Igreja sem haver uma Igreja visível com ordem e bom gover­no, é esperar aquilo que, de ordinário, Deus não cos­tuma fazer.
Leitor, rogo-lhe ardentemente que procure enten­der bem estes pontos. Dar, à Igreja visível, os nomes, as promessas e os privilégios que pertencem à única e verdadeira Igreja — o Corpo Místico de Cristo; con­fundir as duas coisas, a Igreja visível e a Igreja invi­sível — a Igreja professa e a dos eleitos — é um gran­de erro. É um escolho em que muitos naufragam na época presente.
Uma vez que você confunda o Corpo de Cristo com a Igreja professa, não há erro em que você não caia. Quase todos os que se pervertem com o romanismo, começam a errar por este ponto. Se você crê que o governo da Igreja é mais importante do que a sã doutrina, e que a Igreja com bispos ensinando o que é falso é melhor do que a Igreja sem bispos ensinando a verdade, ninguém poderá dizer onde você irá parar com respeito à religião!
III. Deixe-me agora passar ao terceiro e último ponto do assunto de que pretendi falar-lhe. Deixe-me tirar deste assunto alguns conselhos práticos e avisos para a época em que você vive. Parece-me bem que eu deixaria de cumprir um dever, se não fizesse isto. Os erros e enganos cometidos com respeito à Igreja são tantos e tão sérios, que devem ser publicados para que os homens estejam alertas sobre este ponto. Você já ouviu a respeito de quais são os princípios fundamentais da verdadeira Igreja, e o da Igreja visível. Deixe-me, pois, agora, fazer algumas aplicações particulares destes princípios, na época em que vivemos.
1. Antes de tudo, não julgue, por eu dizer que o pertencer a uma Igreja visível não salva nenhuma alma, que não importa qual seja a Igreja visível a que o ho­mem deve pertencer. Ao contrário, é de grande impor­tância saber a que Igreja devemos pertencer. Há Igrejas em que não se faz uso da Bíblia e o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo está escondido inteiramente. Há Igrejas em que se rende culto a Deus numa língua desco­nhecida e em que, desde o princípio até ao fim, nada se diz a respeito do "arrependimento" para com Deus, da fé em Nosso Senhor Jesus Cristo e da "obra do Espírito Santo". Tais são as Igrejas Grega e Armênia e tal é, acima de todas as outras em corrupção, a Igreja de Roma. Pertencer a tais Igrejas é um grande perigo para a alma. Elas não ajudam o homem na viagem para a verdadeira Igreja, antes os conservam desviados do ca­minho, e põem-lhes barreiras para sempre. Você está avisado para não ser tentado a pertencer a estas Igre­jas, ou pensar na ação que praticou aquele que se reu­niu a qualquer delas, como se tivesse cometido um leve pecado.
2. Em segundo lugar, não dê ouvidos aos argu­mentos dos católicos romanos, quando dizem “que há uma só verdadeira Igreja, e essa é a Igreja Romana, e que você deve filiar-se a ela, se quer ser salvo”. Acautele-se para não cair em laços desta ordem.
Observando a questão à luz da Bíblia, vê-se que nunca houve absurdo semelhante. Uma prova clara de que o homem compreende mal este assunto está no fato de tantas pessoas serem apanhadas nesta ratoei­ra. Àquele que usar deste argumento com você, diga que, na verdade, há uma única Igreja verdadeira, mas esta não é a Igreja de Roma ou a da Inglaterra ou a de qualquer outro país sobre a terra. Obrigue-o a mostrar- lhe um simples texto, na Escritura Sagrada, que prove ser a Igreja de Roma a verdadeira Igreja a que o homem deve pertencer. Diga-lhe que os textos das Escrituras que se referem simplesmente à Igreja, não são prova de que seja a Igreja de Roma. Tais textos podem re­ferir-se à Igreja de Jerusalém, à de Antioquia bem como à de Roma. Mostre-lhe o capítulo onze da Epístola aos Romanos, que fala da arrogância e presunção de Roma e da possibilidade de a própria Roma ser exterminada. Diga-lhe que o orgulho com que proclamam que a sua Igreja é a única verdadeira, é um orgulho sem base, pois a Igreja Romana é uma casa construída sobre a areia, que não encontra alicerce nas Escrituras Sa­gradas.
3. Não se deixe comover por aqueles que falam da voz da "Igreja" e da "Igreja Católica", quando você não concorda com eles, como se as suas palavras fos­sem suficientes para lhe impor silêncio.
Nesta época em que a teologia progride, há mui­tos cuja arma de defesa, quando lhes citam as verda­des bíblicas, é: "A Igreja assim o diz; a Igreja sempre assim o tem ordenado; a voz da Igreja assim o pronun­cia". Aconselho-o a que nunca se deixe vencer por estes argumentos. Pergunte-lhes que querem eles dizer com esta forma de falar da "Igreja". Se se referem às Igre­jas visíveis de todo o mundo reunidas, peça-lhes que lhe mostrem quando e onde se reuniram todas as Igre­jas para decidirem isto, que eles dizem. Ou pergunte- lhes se as Igrejas alguma vez se reuniram, que impor­tância cem o que elas decidem para se lhes dar ouvido, uma vez que o que decidiram não esteja fundado na Palavra de Deus?
Àqueles que lhe falam misteriosamente, dizendo: "ouça a Igreja", responda que Nosso Senhor não es­tava falando a respeito da fé, quando disse: "... se não escutar a Igreja, considera-o como um gentio e publicano" (Mt 18.17). Diga-lhe que a sua regra de fé e prá­tica é a Bíblia somente, e que se eles lhe mostrarem na Bíblia aquilo que afirmam, você aceitará. Do contrá­rio, não!
Leitor, não lhe pergunto se você vai à Igreja aos domingos, se você é congregado ou dissidente. Per­gunto somente se você pertence à Igreja composta de verdadeiros crentes, se você recebeu o conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, se você abandonou o mundo e o pecado, se você saiu dele e se refugiou em Cristo pela fé. Se você não fez isto, apresse-se, tome a iniciativa hoje mesmo, porque sua alma está em gran­de perigo. Você não possui coisa alguma que mereça o nome de religião. Você tem apenas a casca do Cris­tianismo, e não o miolo. Você não tem coisa alguma em que possa confiar, nada que lhe dê conforto no dia da tribulação, nada que o satisfaça num mundo tal como este e, acima de tudo, nada que o salve no últi­mo dia. A esperança de todos os homens será posta à prova mais cedo ou mais tarde.
Se você não pertencer à única verdadeira Igreja, o seu fim será o de um congregado perdido, abando­nado, lançado no inferno, sem esperança nem conforto, e isto para sempre. Oh, se os homens quisessem com­preender que a salvação depende deste ponto! Oh, se eles soubessem que de nada adianta dizer: "Eu sempre tenho ido à minha Igreja" ou "sempre atendi às reu­niões religiosas", se de fato não se refugiaram em Cristo por meio da fé e, renascidos, tornaram-se um em Cristo e Cristo neles. Oh, se os homens pudessem entender que o Reino de Deus não é comida nem be­bida, mas justiça, paz e gozo no Espírito Santo. Que a verdadeira religião não depende do episcopalismo ou do presbiterianismo — nem de templos ou capelas —, de liturgias ou orações extemporâneas, mas depende da justificação e da santificação, da fé salvadora e de um coração renascido em Cristo. Oh, se os homens fixassem mais o seu pensamento nestes pontos e dei­xassem as suas contendas com respeito a controvér­sias que de nada aproveitam, e meditassem mais so­bre este ponto de grande importância: "Tenho eu, de fato, aceitado a Cristo, estou renascido e estou seguro n'Ele?"
Em segundo lugar, se você não pertence à única Igreja verdadeira, deixe-me rogar-lhe, como todo o amor fraternal, que venha refugiar-se nela hoje mesmo. Peço-lhe, convido-o para ser um congregado, mas num sentido mais elevado. Venha filiar-se a esta Igreja da qual Jesus Cristo é o Cabeça, o Sacerdote e o Media­dor. Venha juntar-se a esta Igreja na qual Jesus é o Salvador e está pronto a recebê-lo, dizendo: "Vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei".
Leitor, se você ainda não veio a Cristo, venha hoje mesmo. Esta é a finalidade para a qual escrevo e prego, pois não vale a pena escrever e pregar para qualquer outro fim, em matéria de salvação. Venha, eu lhe su­plico mais uma vez; venha a Cristo hoje mesmo. Invo­que o Senhor e diga-lhe: "Oh, Senhor, salva-me porque estou perecendo. Não me deixes perecer em meio a tanta luz e privilégio. Permite que eu tenha não só co­nhecimento intelectual, mas graça no coração. Não per­mitas que eu seja apenas membro de uma Igreja visí­vel sobre a terra, mas seja uma parte viva do Teu Cor­po e participante da Tua Glória!"
Em conclusão, se você pode dizer que pertence à única Igreja verdadeira, então pode regozijar-se. Sua Igreja nunca cairá, nunca será derrubada. O mundo e todas as suas grandezas desaparecerão; os trabalhos dos estadistas serão abandonados e destruídos; as ca­tedrais e templos erigidos pelos homens se tornarão ruínas, mas a Igreja verdadeira nunca perecerá, porque ela está edificada sobre a Rocha, que é Cristo. Por isso, permanecerá para sempre. Crescerá mais e mais em claridade e brilho até o final dos tempos, e nunca parecerá tão brilhante como quando os falsos cris­tãos e os maus forem separados dela, e ela permane­cer só!
Leitor, se você pertence à verdadeira Igreja, não perca tempo em controvérsias a respeito de aparên­cias. Diga a todos os que querem contender: "Retirai- vos de mim!" Não almeje mais do que o coração e a medula do Cristianismo. Faça com que o grande ponto da sua atenção seja a essência da religião, o funda­mento da única Igreja verdadeira.
Leitor, se você pertence à Igreja verdadeira, veja que você deve amar a todos os seus membros, e deve dizer em seu coração: "A graça seja com todos os que amam a nosso Senhor Jesus Cristo em sinceridade" (Ef 6.24). Onde quer que você encontre um homem cheio de fé e graça, estenda-lhe a sua mão direita. Não se demore perguntando-lhe onde foi batizado e que Igre­ja freqüenta. Encontrou-se ele com Jesus? É renasci­do? Diga, então, consigo mesmo: "Este é um irmão. Tenho de viver com ele no céu para sempre. Devo amá-lo aqui na terra. Se temos de viver juntos na mesma casa, amemo-nos uns aos outros mesmo agora, enquan­to estamos a caminho".
Se você pertence à verdadeira Igreja, esforce-se por aumentar o número de membros que a integram. Não trabalhe meramente por causa de partido ou para fazer prosélitos para sua Igreja visível, mas seja o seu primeiro cuidado acordar almas adormecidas, levantar os que jazem nas trevas da ignorância, fazendo-os co­nhecer Aquele que "é a luz do mundo e a vida eterna" para os que O recebem.
Caro Leitor, recomendo-lhe a máxima atenção so­bre todas estas coisas. Que você as conheça por expe­riência é o meu maior desejo, e o mais profundo anseio do meu coração. A minha oração diária é para que o conhecimento destas coisas se espalhe cada vez mais.

Sou seu afeiçoado amigo,  

Bispo J. C. Ryle

Fonte: Quê é a Igreja? - J.C. Ryle - Casa Editora Presbiteriana

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